Brad Pitt num filme de zombies de
larga escala? Isso parece-me muito bem! Quando o trailer de World War Z saiu
então a minha expectativa subiu mais uns degraus, graças às imagens de
montanhas de mortos-vivos a moverem-se rapidamente sobre comboios e a
empilharem-se uns por cima dos outros aos milhares para ultrapassarem os
enormes muros de separação que existem um pouco por todo o território
israelita. Efectivamente, é o seu ponto mais forte: a forma como consegue
transmitir a sensação de uma epidemia a espalhar-se por todo o mundo, a
contaminar o maior número de pessoas imaginário e a ser a génese da destruição
de cidades inteiras e da civilização como a conhecemos não tem paralelo no
género, porque também é raro haver tanto dinheiro envolvido. Os efeitos
especiais desta dimensão podem ser caros e ainda bem que o nome de um dos
actores mais conhecidos e influentes da actualidade foi anexado ao argumento
para o projecto conseguir ganhar a projecção que merecia durante a produção. No
papel de Gerry Lane, funcionário das Nações Unidas, Pitt circunda o globo à
procura de respostas, quase sempre escapando com vida por uma unha negra. Pelo
caminho, vemos Filadélfia invadida, passamos pelo possível ponto de origem na Coreia
do Sul, em Israel percebemos que nada é 100% eficaz e num País de Gales
estranhamente imune descobre-se uma solução.
Isto é tudo muito bonito, porém, os relatos que davam conta de desentendimentos à volta de World
War Z tornam-se fáceis de adivinhar aquando do visionamento do mesmo,
especialmente ao nível da história, que deu água pelas barbas a todos os
envolvidos e ficou, na versão final, uma algaraviada com mais buracos que uma
estrada nacional na Beira Baixa. Logo no início é curioso que a família Lane
esteja a tomar o pequeno-almoço pacificamente enquanto na televisão se vêm reportagens
de indícios de uma epidemia de raiva um pouco em todos os continentes, apesar
de nenhuma menção ser feita à cidade onde moram. Cena seguinte: estamos dentro
da carrinha Volvo a que toda a classe média americana aspira, no meio do
trânsito, e milhares de zombies aparecem do nada. Não é um bocado súbito
demais? Outra: Gerry freta um avião de passageiros em Jerusalém, claramente
descolando antes dos mortos-vivos lhe chegarem, mas, a meio do voo, um é
descoberto num armário frágil. Isto quando anteriormente vemos provas das suas
forças redobradas e de serem motivados pelo barulho. Ouvi dizer que um avião
faz algum… Já para não falar do ridículo discurso de fecho, que nem cinco
argumentistas conseguiram tornar menos ranhoso. O próprio Brad Pitt terá
cortado relações com Marc Forster, o que, só por isto, já não surpreende. Em
suma, visualmente o filme é espectacular e a intensidade mantém-se, é pena é tantos
erros na adaptação do livro.
5/10
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