Para
muitos, o nome Skolimowski não dirá muito. Alguns talvez se lembrem de o ver
nos créditos de Knife In The Water como escritor, ou de Eastern Promises como
actor; ou talvez não. Seja como for, este veterano polaco, pertencente à
geração de Polanski, Zulawski e Kieslowski (três realizadores igualmente
talentosos, todos com carreiras e vidas muito distintas), já não fazia cinema
há 17 anos, e os seus filmes, de qualquer forma, nunca tiveram muito sucesso
comercial.
Este
regresso pouco badalado revelar-se-à merecedor de ser celebrado para quem ousar
descobrir Four Nights With Anna. O filme, produzido por Paulo Branco, conta, de
forma muito livre, a história dum funcionário do crematório hospitalar, Leon,
que aparenta ter uma obsessão amorosa por uma enfermeira sua vizinha, com quem
nunca fala mas parece ter uma ligação misteriosa, progressivamente revelada
através de interlúdios anacrónicos que não conseguimos situar nem no passado
nem no futuro, inicialmente. Leon é um solitário, um pouco desastrado, e, acima
de tudo, muito silencioso.
No
entanto, é incrível como o silêncio pode ser revelador - Skolimowski sabe-o e
Four Nights With Anna avança com tanta compaixão por Leon e minuciosidade em
relação aos esquemas que ele imagina para se aproximar da sua amada sem que ela
perceba, que não são mesmo precisas palavras. Afinal, o cinema é um meio
visual. Skolimowski não filma grandes diálogos, não tece grandes julgamentos,
torna a transgressão compreensível e filma apenas desolação e amor que bate num
muro, assolapado e não retribuído.
9/10
Muito bom este filme, ja o vi uns dois anos e ainda hoje o tenho bem presente na mente.
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