segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Veronika Decides To Die (Emily Young, 2009)


Veronika Decide Morrer é talvez, a par de O Alquimista, o livro mais famoso de Paulo Coelho, o escritor brasileiro que para uns encontra na espiritualidade resoluções para sentimentos como o medo e o amor, e para outros apela à pieguice através de charlatanismo. Sarah Michelle Gellar assume o papel principal de uma jovem que não consegue deixar de estar permanentemente insatisfeita, se não com o rumo que a sua vida tomou, então com o rumo que a sua vida pode tomar. Há pessoas assim, que nem recebendo todo o dinheiro, toda a beleza, todo o carinho do mundo deixam de ter pena de si próprias. Por vezes, estes casos justificam-se com questões pessoais de fundo há muito enterradas ou com distúrbios mentais, que os tornam merecedores de simpatia e compreensão. Lembro-me de Face To Face de Ingmar Bergman, um filme verdadeiramente visceral e envolvente sobre esta situação.

Veronika Decides To Die não chega tão longe, limitando-se a uma superficial procura de significado existencial, partindo da ideia sufista (a corrente mais contemplativa do Islão) de que todos somos um bocadinho loucos, simplesmente alguns perdem o controlo, para chegar à ideia de que a forma de lidar com um pessimista é fazê-lo crer que o pior está a acontecer e rezar para que tenha sido manipulado o suficiente para começar a ver o melhor em tudo. Há muitas más concepções sobre os procedimentos psiquiátricos aqui, porque enfermeiros agarrarem à força um paciente que mostra espontaneamente os primeiros sinais de melhoria, apenas falando pela primeira vez ao fim de muito tempo internado, é uma distorção da realidade, mas com a música certa torna-se um belo momento dramático; a história é fina e incongruências destas são formas baratas de sentimentalismo. Não quer dizer que não hajam cenas genuinamente tocantes, lembro-me da visita dos pais de Veronika na instituição para a qual é enviada depois da sua overdose voluntária de medicamentos, no entanto até essas sofrem quase sempre com maus diálogos, má direcção de actores ou de prolongamento desnecessário.

A componente mais romântica, em que o relacionamento com um catatónico a faz reavaliar a sua existência e o transforma no namorado perfeito sem grande explicação, também não sai ilesa. Há pouca noção de ritmo, o que, associado a uma realização que se limita a movimentos aleatórios, a focar só o que está em primeiro plano, entre outros truques que acabam por não fazer transparecer a claustrofobia, proximidade e desgraça iminente que se calhar se pretendia, estende um manto de mediocridade sobre o filme. Eu não deixo de gostar da Sarah Michelle Gellar e de achar que o seu esforço enquanto protagonista é mais que satisfatório, para não falar de Melissa Leo e Erika Christensen, também elas residentes na instituição, e agradeço aos argumentistas a redução ao essencial do misticismo frequentemente parolo de Paulo Coelho, mas o material de origem já não é, digamos, muito eloquente, e a execução de Emily Young não o eleva a outro nível.

5/10

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