Basket Case destaca-se da miríade
de filmes de terror com baixo orçamento que se multiplicaram durante os anos
1980 pela sua história. Sinceramente, casas assombradas como em The Amityville
Horror e assassinos sem rosto ao estilo de Friday The 13th já todos vimos.
Agora, um tipo bem-parecido e pacífico como Duane Bradley (Kevin Van
Hentenryck) a transportar uma cesta de piquenique por uma Nova Iorque nocturna
e decrépita que esconde uma aberração em forma de pedregulho com dentes que
mais se assemelha a um Geodude carnívoro (desculpem a referência a Pokémon, não
me contive) e que solta para matar uma série de médicos incompetentes que
tiveram algo a ver com o seu passado, isso já não é assim tão comum.
E o que é, afinal, esta espécie
de tumor tumefacto que, sabe-se lá como, sobrevive, aparenta ter força
sobrenatural nos seus pequenos braços e mandíbulas e responde pelo nome de um
demónio hebraico? O irmão siamês de Duane – obviamente! A explicação vem a meio
do filme, regada a álcool, em jeito de piada, feita a uma prostituta, num bar
bolorento (acho que já escrevi isto milhões de vezes, mas não há mesmo melhor
cenário do que a Big Apple, seja para que género for) e um longo flashback
sucede-se, como em Casablanca ou Sleepaway Camp, para mostrar um passado
memorável. Separados apenas aos 12 anos, partilharam uma infância de reclusão e
rancor familiar.
Atormentado por ter gerado
semelhante aberração, o pai balanceia sentimentos de nojo e dever, difícil
quando, ainda para mais, perdeu a esposa no parto e tenta perceber até que
ponto uma operação, que deverá custar a vida a um dos filhos, não será uma
traição à sua memória e ao que construíram juntos. Finalmente, três experimentalistas
da medicina oferecem-se para realizar o procedimento, com o único objectivo de
tornar Duane num rapaz normal. Contudo, Belial vive e desenvolve um grande
apetite por hambúrgueres e vingança. Basket Case é, no fundo, a expiação de um
trauma de infância, mas o que se lhe poderá seguir? Que vida existirá para os
irmãos depois da sua sangrenta vendeta?
Van Hentenryck é o mau actor que
faz o filme resultar. Como é habitual, o bizarro e o humor andam de mãos dadas
e nada melhor do que alguém tentar trazer a melhor dicção e reacções tão
variadas quanto possível a cada situação. A cena em que Duane e a recepcionista
Sharon se conhecem é fabulosa – ela lança gritinhos histéricos ao saber que ele
ainda não tinha visitado nada na cidade; ele está ali para matar o patrão dela.
O amor acontece. Aliás, a montagem inicialmente distribuída levou mesmo grandes
cortes no gore para realçar o amadorismo cómico, mas Basket Case merece ser
visto em toda a sua glória, com sangue a espirrar por todo o lado.
7/10
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