quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Basket Case (Frank Henenlotter, 1982)

Basket Case destaca-se da miríade de filmes de terror com baixo orçamento que se multiplicaram durante os anos 1980 pela sua história. Sinceramente, casas assombradas como em The Amityville Horror e assassinos sem rosto ao estilo de Friday The 13th já todos vimos. Agora, um tipo bem-parecido e pacífico como Duane Bradley (Kevin Van Hentenryck) a transportar uma cesta de piquenique por uma Nova Iorque nocturna e decrépita que esconde uma aberração em forma de pedregulho com dentes que mais se assemelha a um Geodude carnívoro (desculpem a referência a Pokémon, não me contive) e que solta para matar uma série de médicos incompetentes que tiveram algo a ver com o seu passado, isso já não é assim tão comum.

E o que é, afinal, esta espécie de tumor tumefacto que, sabe-se lá como, sobrevive, aparenta ter força sobrenatural nos seus pequenos braços e mandíbulas e responde pelo nome de um demónio hebraico? O irmão siamês de Duane – obviamente! A explicação vem a meio do filme, regada a álcool, em jeito de piada, feita a uma prostituta, num bar bolorento (acho que já escrevi isto milhões de vezes, mas não há mesmo melhor cenário do que a Big Apple, seja para que género for) e um longo flashback sucede-se, como em Casablanca ou Sleepaway Camp, para mostrar um passado memorável. Separados apenas aos 12 anos, partilharam uma infância de reclusão e rancor familiar.

Atormentado por ter gerado semelhante aberração, o pai balanceia sentimentos de nojo e dever, difícil quando, ainda para mais, perdeu a esposa no parto e tenta perceber até que ponto uma operação, que deverá custar a vida a um dos filhos, não será uma traição à sua memória e ao que construíram juntos. Finalmente, três experimentalistas da medicina oferecem-se para realizar o procedimento, com o único objectivo de tornar Duane num rapaz normal. Contudo, Belial vive e desenvolve um grande apetite por hambúrgueres e vingança. Basket Case é, no fundo, a expiação de um trauma de infância, mas o que se lhe poderá seguir? Que vida existirá para os irmãos depois da sua sangrenta vendeta?

Van Hentenryck é o mau actor que faz o filme resultar. Como é habitual, o bizarro e o humor andam de mãos dadas e nada melhor do que alguém tentar trazer a melhor dicção e reacções tão variadas quanto possível a cada situação. A cena em que Duane e a recepcionista Sharon se conhecem é fabulosa – ela lança gritinhos histéricos ao saber que ele ainda não tinha visitado nada na cidade; ele está ali para matar o patrão dela. O amor acontece. Aliás, a montagem inicialmente distribuída levou mesmo grandes cortes no gore para realçar o amadorismo cómico, mas Basket Case merece ser visto em toda a sua glória, com sangue a espirrar por todo o lado.

7/10

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