O ficheiro .srt que acompanhava a
versão que comprei algures na internet com 100% de desconto informava-me que A
Casa continha apenas 42 linhas de diálogo, todas proferidas no início ou no
fim, um prefácio e um epílogo breves, a emoldurar o que só poderia ser um filme
que se move à velocidade de um caracol, vindo do sempre indolente Sharunas
Bartas. Depois de Three Days ou Few Of Us, mais indicados em cenários
cirúrgicos como substitutos na administração de anestésicos, só podia estar
prestes a vivenciar uma relação causa/efeito com a minha próxima sesta.
Eu sei que isto parece uma
introdução já de si bastante intensa, mas têm de acreditar quando digo que isto
não é nada comparado com o que se segue. Outras pessoas vivem ali e não falam
umas com as outras, aumentando assim a incerteza do enredo. As nuances são
intricadas e quase se diria que alguém esconde um terrível segredo. Estarão
afectados por um vírus que causa mudez? Terá toda a gente perdido a sua roupa
em batalhas com zombies esfomeados? Estará o rapaz a imaginar tudo? A incerteza
é de cortar à faca.
São duas horas que passam num
instante. Há muito tempo que não via algo que se comparasse no género de
“filmes que mostrem crianças nuas a brincar no meio de veludo” ou de “filmes em
que um senhor de ascendência africana joga xadrez sozinho e perde”. A montagem
merece elogios, e chegamos a ver dois cortes por cada hora, algo impensável,
mesmo com a tecnologia actual. Bartas reinventa-se completamente e assina aqui
uma obra-prima de causar palpitações ao espectador mais corajoso. Ou não.
2/10
Não conhecia esta pérola.
ResponderEliminarPelo jeito é um bom filme para fazer dormir quem sofre de insônia.
Abraço
Completamente! Um vazio total, ao menos o Three Days conseguia tocar um pouco, acho que é o único filme deste realizador que vale realmente a pena.
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