A trilogia de Rossellini, composta por Rome, Open City (1946), Paisan (1946) e Germany, Year Zero (1948) abriu os olhos do mundo para o neorealismo italiano; contudo, é Ossessione (1942), a obra de estreia de Visconti, que vulgarmente é aceite como a génese deste género voltado para a vida do povo e que recusava a artificialidade dos estúdios, consequência de uma maior consciência social e histórica imputada pela destrutiva Segunda Guerra Mundial. De seguida, destaque para cinco obras de realizadores diferentes.
05. Without Pity (Alberto Lattuada, 1948)
Longe de ser dos mais famosos, Without Pity é a história emotiva de uma italiana e um soldado americano negro apaixonados. Dificilmente outro filme mostra com a mesma vividez as indefinições do pós-guerra imediato.
04. The Earth Trembles (Luchino Visconti, 1948)
Apesar de Ossessione granjear mais fama, prefiro The Earth Trembles. Com menos enredo, permite-se a momentos de pura contemplação das rotinas numa aldeia piscatória, um pouco como se pode ver em Stromboli, de Rossellini.
03. The Tree Of Wooden Clogs (Ermanno Olmi, 1978)
Este é de longe o mais recente da lista, mas justifica-se. O estilo de Olmi encaixa na definição do género, até ao pormenor do uso exclusivo de não-actores, e é incrível como um filme de três horas sobre várias famílias que trabalham na mesma quinta no início do século XX se torna tão absorvente pela simples reconstituição de tarefas rurais.
02. Paisan (Roberto Rossellini, 1946)
Paisan é algo atípico - constituído por seis episódios, sem relação entre eles, mas de alguma forma relacionados com a entrada dos Aliados no cenário europeu, é abrangente em temas, períodos, situações e locais. Apesar da estrutura fragmentada, não há qualquer perda a nível de consistência estética, sempre prevalente a vontade de mostrar a condição humana nas situações mais adversas.
01. Bicycle Thieves (Vittorio De Sica, 1948)
Porque é que Bicycle Thieves é tão frequentemente referido como o melhor do neorealismo italiano? Porque a história é intemporal e apresenta dilemas morais imediatamente reconhecíveis e que suscitam respostas ambivalentes. Um homem pobre consegue um emprego, para o qual é essencial a sua bicicleta. Quando esta é roubada em plena luz do dia, o seu desespero e da família, incluindo do filho Bruno, ataca com força o coração. Até onde consegue um homem honesto aguentar quando o mundo parece conspirar contra si? Vittorio De Sica e Cesare Zavattini dão assim origem a um clássico de uma simplicidade desarmante.
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