quinta-feira, 21 de julho de 2011

Roman Holiday (William Wyler, 1953)

Gregory Peck e Audrey Hepburn, num filme de William Wyler, produzido pela Paramount - mais clássico do que isto é difícil. Comédia romântica perenal, Roman Holiday é lembrado pela sua história leve, por ser um magnífico cartão de visita de Roma e, claro, por ter sido o primeiro papel de protagonista de Hepburn no cinema, tendo-lhe valido o Óscar imediato. A abrir, um boletim informativo ficcional, que, inteligentemente, em muito se assemelha aos que passavam antigamente nos cinemas antes do começo dos filmes, e que nos informa que uma princesa qualquer acaba de chegar a Roma, no âmbito de uma alargada tournée (qual estrela Rock qual quê) pela Europa. Depois de um longo dia de paradas militares, recepções ultra-formais e outros salamaleques, a princesa Ann confessa, à noite, no seu quarto, a uma condessa que a acompanha, que está farta da sua vida, e acaba a ter um verdadeiro colapso nervoso. Sedada por um médico, é deixada sozinha no seu quarto, donde acaba por fugir sorrateiramente e adormece de vez apenas na rua, onde é encontrada pelo jornalista Joe Bradley (Peck). A partir deste momento, o filme transforma-se num jogo de mentiras e numa visita guiada pela câmara de Wyler por Roma simultaneamente, à medida que Ann tenta viver despreocupada e anonimamente pela primeira vez e que Joe tenta relatar em primeira mão este aparente devaneio da princesa, ocultando-lhe a sua profissão para não condicionar a relação entre ambos. Uma das facetas do filme é a desmistificação da fama, que é indiciado logo no início quando um encontro cheio de normas e códigos reais num palácio se torna na luta de Ann para conseguir calçar outra vez, sem que ninguém veja, o sapato que lhe saiu acidentalmente do pé debaixo da longa saia do seu vestido. Roman Holiday está cheio de pormenores desse género, que tentam mostrar que em cada celebridade há, claro, uma pessoa comum. Quanto à química entre os dois actores principais, não é propriamente a mais intensa de sempre, sendo até curioso que o papel do jornalista tenha sido inicialmente oferecido a Cary Grant, com quem Hepburn contracenaria com maior sucesso neste aspecto 10 anos depois em Charade. Ainda assim, Roman Holiday contém cenas que fazem parte do imaginário da cinefilia, como as deambulações de Vespa das personagens pelas ruas da cidade, a passagem por La Bocca Della Verittà ou o final agridoce, e o seu tom jovial garante-lhe um lugar acima da maioria das comédias românticas da altura. É, ainda, um filme belo de se ver.

7/10

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