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terça-feira, 18 de outubro de 2016

BFI London Film Festival 2016

Só para dizer que fiz uma modesta passagem pelo BFI London Film Festival este fim-de-semana, mais concretamente no sábado, onde vi, no cinema Vue em Leicester Square, o novo filme de Paul Schrader, Dog Eat Dog, uma comédia negra com Nicolas Cage e Willem Dafoe em estado de delírio total. Sinceramente, a melhor parte foi o realizador estar presente e pronto para interagir com a audiência. Afinal, estamos a falar do homem que escreveu Taxi Driver, Raging Bull ou The Last Temptation Of Christ, para mencionar algumas  das colaborações com Martin Scorsese.




terça-feira, 12 de janeiro de 2016

TCN Blog Awards 2015

A sexta edição dos TCN Blog Awards decorreu no sábado passado em Lisboa, numa sala dos cinemas Alvaláxia, cortesia do patrocinador NOS. Cores clubísticas à parte, o espaço serviu o propósito da antestreia matinal, incluída este ano no evento, do filme The Big Short (Adam McKay, 2015), para além da habitual entrega de prémios depois de almoço.

Já pré-avisados de que o criador Carlos Reis (Cinema Notebook) abdica da organização no futuro, pairou no ar um tom de nostalgia que não existiu em anos anteriores. O sucesso da iniciativa enquanto encontro de cinéfilos e seriólicos é inquestionável e, tendo participado por quatro vezes consecutivas, fiquei sempre impressionado com o gosto em celebrar a blogosfera.

A apresentação do Manuel Reis (A Cabeça do Ned) foi mais uma demonstração de enorme capacidade de improviso, os vídeos que anunciam as categorias estavam editados de forma brilhante graças ao Miguel Ferreira (Créditos Finais) e o quiz com várias etapas foi bem conseguido, palhaçadas destas são um dos fatores que tornam os TCN no convívio que devem ser.

Quanto aos vencedores, a vitória do Pedro (Cinemaxunga) em Blogger do Ano há muito que devia ter acontecido. Uma palavra especial também para a Rita Santos (Not A Film Critic), que finalmente ganhou um merecido TCN. De resto, obrigado a todas estas pessoas, ao Edgar Ascenção (brain-mixer) e a muitos outros com quem tive o prazer de conviver durante este fim-de-semana.

É o fim de uma era, mas a certeza de ter presenciado algo único. Aguardam-se novidades.

Vencedores dos TCN Blog Awards 2015

Blogger do Ano: Pedro (Cinemaxunga)
Melhor Blogue Individual: A Janela Encantada
Melhor Blogue Coletivo: TVDependente
Melhor Crítica de Cinema: Mad Max: Fury Road (Cinemaxunga)
Melhor Crítica de Televisão: Mad Men: 7ª Temporada (TVDependente)
Melhor Artigo de Cinema: Cinema Mudo Escandinavo (A Janela Encantada)
Melhor Artigo de Televisão: The Daily Show with Jon Stewart (TVDependente)
Melhor Ranking/Top: Top15: Músicas de Filmes de Terror (Not A Film Critic)
Melhor Rubrica: Posters Caseiros (brain-mixer)
Melhor Reportagem: Cannes 2015 (Cinematograficamente Falando)
Melhor Entrevista: Entrevista a Shlomi Elkabetz (Rick's Cinema)
Melhor Iniciativa: VHS Podcast
Melhor Novo Blogue: Jump Cuts
Melhor Portal/Facebook: Girl on Film
Melhor Festival: MOTELx
Melhor Distribuidora: Alambique Filmes
Melhor Canal: TVCine & Séries
Prémio Memória: Cinedie

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Ante-estreia de Mission Impossible: Rogue Nation

Dois dias antes da ante-estreia nos EUA do novo filme com Tom Cruise como o incontornável Ethan Hunt, aconteceu a ante-estreia em Leça da Palmeira e claro que, tendo recebido convite, tive de aproveitar.

Para além de a espectacular sala IMAX do MarShopping ser um deleite para qualquer cinéfilo, este novo tomo do Mission Impossible é talvez o mais bem escrito desde o primeiro e o mais bem filmado de todos (Robert Elswit na fotografia, há que lembrar).


domingo, 5 de abril de 2015

Inauguração da sala IMAX no MarShopping

Na passada quarta-feira tive a possibilidade de marcar presença na estreia da nova sala IMAX nos cinemas do MarShopping, em Matosinhos. Sendo apenas a segunda sala construída de raiz para suportar este formato de filme em Portugal, e como eu nunca fui visitar a do Centro Comercial Colombo em Lisboa, não pude deixar passar a oportunidade.

A experiência é incrível. O tamanho do ecrã, a curvatura, a definição da imagem, mesmo nos cantos, a multitude de sons, tudo contribui para uma maior imersão no filme em exibição. Nada melhor do que uma palhaçada de alta tensão como o Furious 7, com um exagero de explosões e perseguições, para realçar estas qualidades.



domingo, 11 de janeiro de 2015

TCN Blog Awards 2014

11 de Janeiro de 2015, ano novo! Chegou o dia dos TCN Blog Awards... 2014? É verdade, desta feita o evento que congrega o melhor da blogosfera de cinema e TV foi adiado umas semanas, podendo quase dizer-se que passa a ser o evento de abertura da award season, que depois se prolonga por outras zonas geográficas, inclusive Hollywood. Yup, tudo começa com umas dezenas de cromos fechados no mesmo espaço durante uma tarde a morfar, a ver vídeos, a distribuir prémios e a trocar piadas.

Sendo esta a terceira vez consecutiva que marquei presença, posso dizer que os TCN Blog Awards já se tornaram uma espécie de tradição para mim. Reservo um dia por ano para me deslocar da Invicta à Capital sem pensar duas vezes e é um prazer viajar umas horas de comboio, almoçar à beira-rio, passear por algum recanto, como, mais uma vez, pude fazer, graças à meteorologia favorável (para um nortenho, pelo menos), e conviver com tanta gente que sofre da mesma patologia que eu: uma compulsão irresistível pelo ecrã, seja o grande ou o pequeno.

Sem dúvida que esta edição foi mais descontraída e emotiva que as anteriores. Apesar do maior peso organizacional, o Carlos Reis conseguiu que este evento não caísse por terra e transformou-o mais num encontro, menos num espectáculo, mais Globos de Ouro, menos Óscares, com mesas e comida, sem plateia, grandes convidados especiais e luzes constantemente apagadas. Aposta ganha. Acho que todos os participantes deram, como nunca, valor ao privilégio que é esta reunião.

Apesar de não ter ganho na categoria em que estava nomeado (Melhor Blog Individual) e começar a tornar-me no DiCaprio desta cena (quatro anos, cinco nomeações, zero vitórias - o que vale é que saco resmas de modelos) gostei de ver espaços muitos personalizados de cinema como o Close-Up, o CinemaXunga ou o Hoje vi(vi) um filme levarem para casa a mítica claquete de acrílico. Parabéns a todos os vencedores, o prémio maior, Blogger do Ano, em especial, foi bem entregue ao Rui Alves de Sousa.

Para além destas pessoas, deixo também um abraço para o habitual mestre de cerimónias Manuel Reis, que já merece um TCN especial ou um normal pelo podcast no TVDependente, o Edgar Ascenção, claramente fundamental nesta empreitada, o Nuno Reis (Antestreia) e a Rita Santos (Not a film critic) pela companhia e boa disposição, e todos aqueles com quem troquei algumas palavras, beijinhos ou apertos de mão e me fizeram, mais uma vez, voltar ao Porto com a sensação de que a deslocação valeu a pena.

Over and out!

PS: Alguém leve um carregador para o bandido do Pedro CinemaXunga no próximo ano.

Vencedores dos TCN Blog Awards 2014:

domingo, 22 de dezembro de 2013

TCN Blog Awards 2013

Eis que chega Dezembro e, com ele, o frio, o Natal, as rabanadas (de forno e, por vezes, de vento) e também mais uma edição dos TCN Blog Awards, os prémios preferidos da blogosfera nacional de entretenimento e da eurodeputada Edite Estrela, que marcou presença enquanto convidada, bem como a actriz Ana Moreira, a directora da revista Empire Sara Afonso, os jornalistas Vítor Moura, Joana Latino e Rita Marrafa de Carvalho, os filhos de Rita Marrafa de Carvalho, entre outros.

Como sempre, a condução do evento pelo Manuel Reis é um verdadeiro "tour de france" de comédia, energia e improviso e, mesmo que o seu podcast no TVDependente não tenha sido nomeado para Melhor Iniciativa este ano, a sua boa disposição é contagiante e essencial. Podia era ter avisado que me ia chamar a palco para uma rábula adaptada d'O Preço Certo em Euros. Não por eu ter problemas em encarar o público, apenas porque me tinha dado tempo de comprar um queijo da Serra para lhe oferecer.

Continua a ser um orgulho e uma surpresa ver o meu nome entre os nomeados mais uma vez na categoria de Melhor Crítica de Cinema, aquela que premeia o que mais gosto de fazer, escrever sobre filmes. Em três anos fui nomeado quatro vezes, o que, a juntar à excelente reposta que recebi dos meus colegas bloggers e que recebo de vocês, seguidores, regularmente, me deixa humilde. Muitos parabéns à Catarina D'Oliveira pela vitória com um texto sobre o Side Effects no Close-Up.

Estendo a mesma saudação aos restantes vencedores, com uma ressalva especial também para o Tiago Ramos (Split Screen), os irmãos Teixeira (Caminho Largo) e a Sofia Santos (girl on film), meus colegas no Círculo de Críticos Online Portugueses (CCOP), por terem levado uma claquete para casa cada. A organização foi inexcedível, e, tirando alguns problemas técnicos da praxe (se bem que desta feita tenha sido possível ver e ouvir as curtas planeadas, Branco e M Is For Macho), tudo correu às mil maravilhas.

Uma última palavra de apreço para o Francisco Rocha (My Two Thousand Movies) pela companhia e a boleia antes da cerimónia, aos irmãos Teixeira, que, comigo, formaram uma secção exclusiva a engenheiros no auditório, ao Nuno Reis (Antestreia) pela paciência durante o jantar (juntamente com o Manuel Reis, a Rita Santos do Not a film critic e o irmão Manuel) e a viagem de regresso, e à CP, que bem podia ser um dos patrocinadores dos TCN Blog Awards. Talvez assim a minha viagem fosse mais barata!

Vencedores:
Blogger do Ano: Aníbal Santiago (Rick's Cinema)
Melhor Blogue Individual de Cinema: Caminho Largo
Melhor Blogue Colectivo de Cinema: À Pala de Walsh
Melhor Blogue de TV: TVDependente
Melhor Novo Blogue: A Janela Encantada
Melhor Crítica de Cinema: Side Effects (Close-Up)
Melhor Artigo de Cinema: Terror no Cinema (Movie Wagon)
Melhor Iniciativa: Um Filme, Uma Mulher (girl on film)
Melhor Rubrica: Brain-Collection (brain-mixer)
Melhor Reportagem: Fantasporto 2013 (Split Screen)
Melhor Entrevista: Sasha Grey (À Pala de Walsh)
Melhor Site: APS Portugal
Prémio Memória: Cláudia Arsénio (Wasted Blues)

domingo, 16 de dezembro de 2012

TCN Blog Awards 2012

Precisamente nas traseiras do Mosteiro dos Jerónimos, o Centro Cultural Casapiano foi o local escolhido este ano para albergar os TCN Blog Awards. Depois de uma viagem de 3 horas de carro e de encher o bandulho com esparguete à beira-rio, com vista para o Jardim da Praça do Império de um lado e o Padrão dos Descobrimentos do outro, lá fui fazer o check-in. Estava preocupado com a possibilidade de o meu nome não aparecer na lista, dado a minha apurada memória apenas me ter lembrado de reservar o lugar por email na noite do dia anterior, mas não, lá estava O Narrador Subjectivo algures na lista.

Como foi a minha primeira presença neste "certame" não sabia bem o que esperar, pelo que fiquei impressionado com a capacidade de planeamento e de improviso do Manuel Reis enquanto anfitrião. Os muitos momentos de interacção com o público, em especial, ajudaram a manter a atmosfera relaxada do início ao fim, não tendo escapado algumas referências às situações, equívocos e frases mais embaraçosas do ano. Nota de rodapé, descobri que ambos temos a Luísa Barbosa (que marcou presença no evento e apresentou um dos prémios) e a Odete Santos no top3 das portuguesas mais sensuais.

Foi uma pena não se ter visto as 3 curtas que estava planeado serem projectadas ao longo da cerimónia, devido a problemas com o som em Assim Assim, de Sérgio Garciano (que deu origem, há pouco tempo, a uma longa-metragem com algum sucesso comercial e um grande elenco de actores) e em Black Mask (Filipe Coutinho), que provavelmente só não se manifestaram durante a exibição de Auguste (Amadeu Pena da Silva, Pedro Santasmarinas) pelo simples facto de não conter quaisquer diálogos. Sessões de cinema durante um evento destes cortam um pouco o ritmo, mas gosto sempre de ver novos trabalhos.

O Narrador Subjectivo não venceu em nenhuma das 2 categorias para que estava nomeado directamente (Melhor Blog Individual e Melhor Crítica de Cinema) nem viu nenhuma das iniciativas em que participou ganharem o prémio correspondente, mas fica aqui uma mensagem de parabéns à concorrência, pois sei que a vitória dos meus colegas do CCOP Catarina D'Oliveira e Tiago Ramos foram mais que merecidas. Lamento ter encurtado o convívio final com todos os que conheci neste dia, mas certamente haverão outros encontros. Cumprimentos a todos vocês e à organização desta festa, que atingiu dimensões surpreendentes.

Agradecimentos finais ao pessoal do TVDependente, que me aturou durante o almoço e à tardinha, à Carolina Sales, que me deu os enormes posters de cinema que tinha ganho, incluindo um do Amour (Michael Haneke ftw), e, em especial, ao Vitor Rodrigues, Ricardo Leal e António Guerra, pela boleia e companhia, incluindo uma viagem de regresso mais longa do que o esperado!

Lista dos vencedores dos TCN Blog Awards 2012:

terça-feira, 10 de julho de 2012

FEST 2012


Quando se pensa em Óscares, a primeira localidade que vem à cabeça do comum dos mortais é a longínqua Hollywood, com os seus numerosos estúdios, as grandes letras de ferro no monte Lee e estrelas imortais nos passeios. Mas e se eu vos dissesse que, durante uma semana, podiam encontrar e dialogar com vencedores dessas almejadas estatuetas numa pequena cidade lusitana a cerca de 30kms do Porto, mais conhecida pelo seu casino? É verdade, de 1 a 8 de Julho o FEST (Festival Internacional de Cinema Jovem) proporcionou esse contacto em Espinho, um evento que promove novos cineastas e dá a conhecer os seus trabalhos, sejam longas, curtas, ficção ou documentário, mas também investe em formação, sob a forma de conferências com profissionais com currículo nas mais variadas vertentes técnicas da sétima arte, dando perspectiva a quem está agora a começar e a quem quer que se interesse minimamente pelos temas.


05/07/2012 - Quinta

Desloquei-me cedo ao bonito Centro Multimeios de Espinho, com o intuito de levantar a minha acreditação antes da primeira sessão da manhã, uma conversa com o espanhol Fernando Trueba. Recentemente nomeado para um Óscar pela realização de Chico And Rita, uma romântica animação sobre a cena musical cubana, teve um dos pontos altos da sua carreira em 1994, quando ganhou na categoria de Melhor Filme Estrangeiro com Belle Époque (onde se passeava uma adolescente Penélope Cruz), prémio que aceitou proferindo: "Eu gostaria de acreditar em Deus para Lhe agradecer, mas só acredito em Billy Wilder, por isso obrigado Sr. Wilder." E, verdadeiro a si mesmo, Trueba mencionou o seu ídolo por mais de uma vez nas duas horas que passou com uma plateia quase exclusivamente composta por jovens na Sala Tempus (a principal do Centro), destacou The Apartment como um dos seus filmes preferidos de todos os tempos e talvez o mais perfeito de sempre a balançar drama, comentário social e comédia e falou ainda de Hitchcock, Sullivan's Travels e Renoir, entre outros. Mais concretamente sobre a sua forma de trabalhar, disse nunca usar storyboards e só montar o filme quando tem tudo gravado, processo que acompanha de perto e no qual é importante haver sintonia com o editor. Aconselhou alguns dos actores presentes a não se limitarem a estudar um método de interpretação, defeito que considera ser frequente nos americanos, tal a sua veneração pelo método de Stanislavski. O momento cómico da manhã veio quando mencionou um projecto com Sharon Stone e John Travolta que chegou a aceitar fazer e para o qual estava optimista depois de conhecer a primeira (uma mulher acessível e inteligente, segundo Trueba), mas de que acabou por desistir depois de conhecer o segundo ("não há dinheiro no Fort Knox que pagasse ter de passar mais um segundo com John Travolta").


À tarde, almoçado, depois de experimentar a t-shirt do festival que me fora dada e de consultar o programa, decidi conhecer a Sala 2. Pequena e com pouca audiência, era onde passavam ciclos de curtas e comecei por ver um da London Film School, todas muito diferentes umas das outras, das quais vou destacar três:

Their Feast (Reem Morsi, 2011) aborda superficialmente os contrastes políticos no Egipto com uma história familiar de um jovem prestes a regressar a casa depois de uma temporada na prisão, na ressaca da Primavera Árabe. A escrita perde-se um pouco na forma como a sua mãe e irmãos preparam a sua chegada, por um lado mostrando um pouco como se vive nas classes baixas daquele país, por outro não oferecendo contexto sobre os efeitos da revolução na sociedade. Contém uma óptima interpretação da mãe e é uma boa proposta para quem gosta de cinema mais naturalista. 6/10

Partition (Emile Rafael, 2011) é extremamente confuso, totalmente preso a truques de metaficção que não levam a lado nenhum. Tenta retratar com o humor dum Charlie Kaufman o repentino laivo de inspiração dum escritor, cujas ideias parecem saltar das páginas e serem mais reais que a própria realidade, mas falha completamente. 3/10

Waking At Dawn (Onyinye Egenti, 2012) foi a melhor que vi neste dia, uma curta sobre conflitos religiosos numa aldeia algures na vastidão da Nigéria, que apanha duas inocentes crianças, uma muçulmana, outra cristã. O final merecia maior intensidade, mas é legítimo dizer que calma, realismo e espaço para reflexão é o principal para a realizadora Egenti. Aconselho a quem admire Ousmane Sembene. 7/10


Às 15:30, João Pedro Rodrigues (Odete; Morrer Como Um Homem) falava no auditório principal. Discreto, disponível para entrevistas e compreensivo com todas as abordagens de vários fãs, antes e depois do workshop, o cineasta lisboeta viu a conversa ser sobretudo orientada por uma moderadora italiana para o tema da representação da sexualidade no cinema. Curiosamente, fiquei com a ideia de que é muito maior o seu interesse em manipular as convenções associadas a todo o tipo de géneros possíveis, dos mais clássicos aos mais alternativos (tendo dado como exemplo a cena de Morrer Como Um Homem em que dois soldados se distanciam do seu pelotão para fazerem sexo, uma clara subversão da masculinidade do filme de guerra), do que propriamente de explorar qualquer tipo de comportamento menos convencional, ou melhor, a sexualidade e a obsessão das suas personagens são apenas meios para atingir um fim maior, o de desafiar os códigos do cinema e as expectativas dos espectadores. É uma abordagem interessante, que talvez seja minimizada tanto pela crítica como pelo público em geral, às vezes chocados ou doentiamente fascinados demais por verem um pénis num ecrã gigante para apreciar a inteligência da escrita de João Pedro Rodrigues. É certamente uma ideia que vou ter presente quando me dedicar a explorar melhor a sua filmografia.


Para aproveitar aquele que foi o meu primeiro dia de férias neste Verão, acabei por dar uma volta na marginal de Espinho e regressar a casa ao fim da tarde em vez de ouvir Martin Walsh (vencedor de um Óscar pela montagem de Chicago em 2003) falar. Já planeava voltar 2 dias depois.

07/07/2012 - Sábado

Luc Besson é dos realizadores europeus mais influentes e conhecidos das últimas décadas. Seja como produtor/argumentista de obras-primas (not!) como Bandidas e Taxi 4 ou como realizador de filmes tão populares como León ou The 5th Element, o francês parece não tirar uma folga. Importante na concepção destes últimos terá sido também Sylvie Landra, editora. A francesa entrou na sala às 11:00 e optou por conduzir o debate com o auxílio de muitos clips dos filmes em que trabalhou, uma decisão inteligente e muito me agradou ver cenas de León ou Manolete serem esmiuçadas. Uma, em especial, do segundo ficou-me na mente: Manolete é uma biografia sobre o toureiro espanhol com esse nome, que morreu devido a ferimentos infligidos por um touro. Para o clímax, Landra teve de percorrer 30 horas de dailies, tentado capturar o espírito e as regras dos espéctaculo, e deixando no ar a dúvida sobre quem, naquele momento, naquela altura da vida de Manolete, teria com ele uma maior relação de amor/ódio, se o público, se o touro, se a namorada em quem não consegue deixar de pensar. Perspicaz foi também o debate com a plateia sobre a importância da proximidade entre montagem de imagem e som.


Para a tarde estava marcada a presença de Tom Stern (director de fotografia de Gran Torino, Mystic River ou Hunger Games), para mim um dos grandes atractivos deste FEST 2012, mas tal acabou por não acontecer. Refugiei-me então durante horas na Sala 2, onde percorri 2 ciclos de curtas, um chamado Future Shorts, o outro Noruega, e que se mostraram muito mais interessantes que o de quinta-feira.

Em Tumult (Johnny Barrington, 2011), três guerreiros nórdicos parecem perdidos e a tentar sobreviver a ferimentos contraídos em batalha. A frieza do início (que podia ter saído de um dos filmes históricos de Pasolini) é subitamente contraposta com humor muito negro: um autocarro com turistas aparece, deixando-(n)os incrédulos, a pensar como é que tal anacronismo é possível. Rapidamente há mal-entendidos a modos que violentos entre os dois grupos de eras diferentes. 8/10

Helicópteros militares a sobrevoar um deserto iniciam manobras invulgares até, propositadamente, chocarem uns contra os outros, numa bola de fogo imensa, visível a quilómetros de distância. Planícies arenosas estendem-se no horizonte, o calor e a secura perpassam pelo filme, a banda sonora ribomba, cada vez mais alto e cada vez mais desordenada, numa mescla de ataque aos sentidos, como uma visão do apocalipse, até que aparece o título da curta: We'll All Become Oil (Mihai Grecu, 2011). Inacreditável. 10/10


O ciclo de cinema norueguês sucedeu-se pouco tempo depois; no geral, o melhor e mais equilibrado deles todos, cinco curtas com execuções muito diferentes mas que me surpreenderam pela sua consistência a nível de fotografia.

Começou com Come To Heaven Of Hearts (Linn Karen Forland, 2011), uma surpreendente viagem pelo mundo de uma idosa internada num lar. Sem diálogos e com imagens e associações de imagens bizarras mas extremamente originais, provocadoras e inesquecíveis, a realizadora consegue ligar-nos à psicologia de alguém claramente no fim da vida, talvez já com muito pouca noção da realidade, apenas presa a memórias vagas. 10/10

Seguiu-se Krantsid (Sutharsan Bala, 2009), uma história mais elaborada sobre imigrantes muçulmanos na Noruega, uma família de três elementos, uma rapariga, o irmão mais novo e adolescente, e o avô de ambos. Um retrato social que mostra personagens que não estão bem inseridos na sociedade em que se movimentam e que não os respeita, presos à tradição, querendo mais, enfim, claramente um quadro passível de gerar conflitos internos e externos ao trio. Apesar de algumas cenas me terem parecido mal construídas, como o encontro aleatório inicial entre a rapariga e um condutor de comboios, a fotografia deste filme é simplesmente única, com tons tão desaturados que só vemos azul e cinzento, para além de uma grande densidade de grão. 7/10


Nostalgia (Katie Hetland, 2009) foi a mais curta de todas; apesar de ter o aspecto de um anúncio da Milka, não deixa de ser muito comovente. Um idoso viúvo recorda a sua vida, em especial a sua vida em conjunto com a mulher da sua vida, através da música. Imagens do passado são rebobinadas na tela, tal como são rebobinadas na mente do homem. Deixa uma lágrima no canto do olho. 7/10

Ao ver Scratch (Jakob Rorvik, 2008) só me vinha um nome à cabeça: Joachim Trier. Talvez o realizador norueguês mais conhecido da actualidade, a sua influência nesta história de uma artista que planeia uma exposição de fotografia é notória, desde os ambientes urbanos, à escolha da actriz principal (Viktoria Winge, a mesma de Reprise), ao tema da obsessão, os paralelismos são muitos... e bem conseguidos. Lena persegue um rapaz de maneira doentia, tirando fotografias a preto e branco quando ele está desprevenido. Ao fim de algum tempo, o rapaz torna-se consciente da sua presença, confronta-a e isto resvala para uma relação disfuncional. É um filme muito moderno, acessível e bem escrito. 8/10

Por último, The Coned Ones (Kai Remi Hagen, 2010). Uma fantasia fabulosa em que um jornalista e um cameraman descobrem uma mini-civilização à parte de reformados, algures numa floresta, todos com o mesmo aspecto, cujos únicos interesses são jogar à malha e apanhar pinhas. O realizador tanto brinca com a potencial tristeza do envelhecimento como com a perversidade dos media, de uma forma cómica, excêntrica e agridoce, tudo ao mesmo tempo. Muito original. 10/10


A Noruega tem um futuro maravilhoso pela frente com realizadores deste calibre, espero que tenham hipóteses para continuar a trabalhar.

E assim acabou a minha experiência nesta oitava edição do FEST. Sinto que devia ter visto uma das longas em competição, tinha planos para ver o islandês Volcano (que acabou por vencer), mas tal acabou por não se proporcionar. Seja como for, a boa organização, o espírito jovem e a variedade do programa deste festival fizeram da minha passagem por Espinho um prazer. É claramente um espaço de descoberta e aprendizagem, destacando-se de eventos semelhantes por causa disso. Obrigado à Renata Curado pela disponibilidade; foi uma excelente oportunidade. Até para o ano!