segunda-feira, 31 de março de 2014

World War Z (Marc Forster, 2013)

Brad Pitt num filme de zombies de larga escala? Isso parece-me muito bem! Quando o trailer de World War Z saiu então a minha expectativa subiu mais uns degraus, graças às imagens de montanhas de mortos-vivos a moverem-se rapidamente sobre comboios e a empilharem-se uns por cima dos outros aos milhares para ultrapassarem os enormes muros de separação que existem um pouco por todo o território israelita. Efectivamente, é o seu ponto mais forte: a forma como consegue transmitir a sensação de uma epidemia a espalhar-se por todo o mundo, a contaminar o maior número de pessoas imaginário e a ser a génese da destruição de cidades inteiras e da civilização como a conhecemos não tem paralelo no género, porque também é raro haver tanto dinheiro envolvido. Os efeitos especiais desta dimensão podem ser caros e ainda bem que o nome de um dos actores mais conhecidos e influentes da actualidade foi anexado ao argumento para o projecto conseguir ganhar a projecção que merecia durante a produção. No papel de Gerry Lane, funcionário das Nações Unidas, Pitt circunda o globo à procura de respostas, quase sempre escapando com vida por uma unha negra. Pelo caminho, vemos Filadélfia invadida, passamos pelo possível ponto de origem na Coreia do Sul, em Israel percebemos que nada é 100% eficaz e num País de Gales estranhamente imune descobre-se uma solução.

Isto é tudo muito bonito, porém, os relatos que davam conta de desentendimentos à volta de World War Z tornam-se fáceis de adivinhar aquando do visionamento do mesmo, especialmente ao nível da história, que deu água pelas barbas a todos os envolvidos e ficou, na versão final, uma algaraviada com mais buracos que uma estrada nacional na Beira Baixa. Logo no início é curioso que a família Lane esteja a tomar o pequeno-almoço pacificamente enquanto na televisão se vêm reportagens de indícios de uma epidemia de raiva um pouco em todos os continentes, apesar de nenhuma menção ser feita à cidade onde moram. Cena seguinte: estamos dentro da carrinha Volvo a que toda a classe média americana aspira, no meio do trânsito, e milhares de zombies aparecem do nada. Não é um bocado súbito demais? Outra: Gerry freta um avião de passageiros em Jerusalém, claramente descolando antes dos mortos-vivos lhe chegarem, mas, a meio do voo, um é descoberto num armário frágil. Isto quando anteriormente vemos provas das suas forças redobradas e de serem motivados pelo barulho. Ouvi dizer que um avião faz algum… Já para não falar do ridículo discurso de fecho, que nem cinco argumentistas conseguiram tornar menos ranhoso. O próprio Brad Pitt terá cortado relações com Marc Forster, o que, só por isto, já não surpreende. Em suma, visualmente o filme é espectacular e a intensidade mantém-se, é pena é tantos erros na adaptação do livro.

5/10

sábado, 29 de março de 2014

TRAILERS: Enemy (Denis Villeneuve, 2013)

Mais um livro de José Saramago de que o cinema norte-americano se vai apropriar; e, a julgar pelo trailer, o cuidado estético e o suspense que Villeneuve conjurou em Prisoners, Incendies ou Polytechnique mantêm-se. Sai em Junho em Portugal e é um dos filmes que mais quero ver este ano.

sábado, 22 de março de 2014

American Hustle (David O. Russell, 2013)

American Hustle tem sido descrito como um filme de Scorsese com pouco açúcar e calorias, uma versão light de clássicos como Goodfellas e Casino; em certa medida, não dá para discordar. Dois vigaristas vêem-se a contas com a polícia, numa malha de intenções e esquemas onde todos tentar ser mais espertos que todos, qual deles o mais extravagante e idiossincrático, com muito ritmo nos diálogos e na montagem e estando os anos 70 em pano de fundo. Logo a abrir temos até a voz-off característica (apesar de cair em desuso ao longo das duas horas de duração) que apresenta Irving e Sydney, para nos dar um resumo das suas expectativas e do que têm feito até determinado ponto. Ele é gordo e criativo a nível capilar, realçando-se a verdadeiramente impressionante transformação física de Christian Bale, ela foi stripper e tenta adaptar-se às circunstâncias, não renunciando ao crime, e Amy Adams sai-se sempre bem a fazer de ranhosa destemida que exerce influência sobre a sua cara-metade, viu-se em The Fighter e The Master. Apaixonam-se.

As homenagens chegam ao ponto de algumas cenas parecem vir de um copy/paste qualquer. Louis CK lembrará fisicamente, para os mais atentos, Chuck Low, que interpretou o vendedor de perucas comicamente estrangulado com o fio dum telefone por não querer pagar a protecção da máfia em Goodfellas. Surpresa: aqui, o ruivo com excesso de peso leva com um na testa. Isto para nem falar na presença de Robert De Niro. Sim, a escolha entende-se pela lógica de David O. Russell ter transferido colaboradores dos seus filmes anteriores para o presente, mas este caso em particular parece também ser uma tentativa de dar credibilidade à sua incursão por um género que até agora lhe era estranho. Em Casino estávamos no meio do crescimento de Las Vegas, em American Hustle somos envolvidos na fundação de Atlantic City como hoje existe, ou seja, num antro de jogo na costa este americana.

Russell foca-se quase exclusivamente nos actores: para além do casal protagonista, aparece Bradley Cooper, o polícia Richie DiMaso, que tenta dar passos maiores do que as pernas, Jennifer Lawrence, a esposa-troféu de Irving, uma loira platinada desmiolada que traz soluções e problemas em igual medida, e Jeremy Renner, o mayor que até é honesto e se preocupa com os cidadãos, porém acaba por ser arrastado para negócios ilegais. Os adereços abundam, na onda das emulações, e talvez afoguem o argumento, mas seria injusto dizer que não está aqui um conjunto de personagens que ganham uma força incrível graças a estes nomes. Cada um vive o seu papel com credibilidade e liberdade, para além da caracterização está o talento e a confiança no realizador que permitem passar a ideia de que tudo é improviso e que permitem cenas como o karaoke de Rosalyn enquanto limpa a casa ou as palmadas de Bale no rabiosque de Adams.

Dá um gozo tremendo decifrar os subterfúgios, as hesitações, as excitações, as palermices resultantes das suas interacções; no fim fica-se com dificuldade em entender aqueles vídeos dos bastidores acrimoniosos de I Heart Huckabees que corriam no Youtube ou como é que alguém como Russell irritou, em tempos idos, George Clooney de tal forma que este o esmurrou no set de Three Kings. O próprio encara esta fase da carreira como uma segunda oportunidade, e essa realidade tem estado presente desde The Fighter. Em American Hustle, quando Richie prende Irving e Sydney, oferece-lhes uma, ajudá-lo a compreender os métodos de fraude usados na altura para capturar corruptos, ganhando como troca uma redução nas penas ou mesmo absolvição, contudo isso é apenas o início. A relação do casal é a base da história e começa a ser testada a partir daí; quando fazem as pazes e tentam limpar a porcaria que fizeram o filme reencontra a adrenalina que se esvai em alguns momentos intermédios e conduz a conclusões satisfatórias.

7/10

quarta-feira, 19 de março de 2014

FOTOGRAFIAS: Michael Jackson e amigas

Aqui está uma fotografia de Michael Jackson com Yoko Ono, Elizabeth Taylor, Liza Minnelli e Whitney Houston. BAM!

segunda-feira, 17 de março de 2014

Gravity (Alfonso Cuarón, 2013)

Um dos filmes que mais me impressionou nos últimos anos, Gravity é um portento visual e um filme de acção único, quase na sua totalidade passado à deriva no espaço, numa frenética busca pela sobrevivência. Acima de tudo, a realização de Cuarón e a fotografia de Lubezki, que efectivaram verdadeiros milagres da engenharia do cinema aqui, tendo procedido à construção de câmaras, cenários e jogos de iluminação pioneiros, iludem até o olho mais atento. A banda sonora do jovem britânico Steven Price tem pérolas com um toque moderno como esta Shenzou, talvez a faixa mais memorável, pela progressão e por ser usada no final.

quinta-feira, 13 de março de 2014

12 Years A Slave (Steve McQueen, 2013)

Enquanto Edwin Epps (Michael Fassbender) chicoteia violentamente Patsy (Lupita Nyong’o), nua e presa a um poste, já depois de ter coagido Platt (Chiwetel Ejiofor) a abrir as hostilidades, num espectáculo degradante de intimidação, e com os incentivos sádicos da Sra. Epps (Sarah Paulson) de fundo, ouve-se dizer “mais cedo ou mais tarde, algures no curso da justiça eterna, vocês vão responder por este pecado.” Cinematicamente falando parece que esse momento chegou, tendo em consideração a quantidade de filmes que saíram nos últimos tempos e que abordam o assunto da escravatura na América.

O mais interessante é que, para pegar nos exemplos mediáticos, tanto Lincoln, como Django Unchained e agora este 12 Years A Slave são produtos de enorme qualidade e extremamente diferenciados: Spielberg preferiu evitar polémicas e realçar o papel de brancos, e do 16º Presidente em concreto, no sentido da abolição, num modo livro de História, Tarantino ousou repetir à exaustão a palavra “nigger” e efabular, com o seu típico humor negro, e McQueen eleva a gravidade de certas contradições humanas de um passado real e violento ao mesmo nível de impacto e secura que em Hunger, sendo, de longe, o menos acessível.

Felizmente, o realizador inglês tem tido a sorte de recolher mais prémios do que os colegas, mas já se sabe como isso é relativo; a verdade é que a sua visão do sul dos EUA no período pré-Guerra Civil é a mais cruel e vívida de todas, pela intenção de constringir as personagens e o espectador à realidade da vida dos escravos. Na primeira plantação para onde vai parar, Platt ainda tem alguma liberdade, apesar de quase ser enforcado por um capataz que, digamos assim, não simpatizou consigo. Rotulado de difícil, é despachado para a propriedade de Epps, e aí parecemos chegar ao último círculo do Inferno de Dante.

Os doze anos representam mesmo um caminho descendente, já que Platt, aliás, Solomon Northup, principia por ser um homem livre, que é vilmente raptado através de uma promessa de trabalho. Para voltar a viver aprende a sobreviver, sem cair em desespero, sempre com a esperança de um dia rever a família e voltar a Saratoga, no norte. Destituído da sua identidade, forçado a esconder a sua literacia, a maior lição vem quando, apesar de toda as traições e provações sofridas, volta a depositar confiança num homem branco, Bass (Brad Pitt). Ao manter o coração aberto, encontra uma saída.

Por ser separado da urbanidade e educação que conhecia, ficamos à espera que lhe seja possível regressar, e, assim, a história de Solomon tem um objetivo. Por outro lado, Patsy e as centenas de escravos como ela que vemos ao longo do filme não conhecem outra realidade, é como se a submissão estivesse entrelaçada no seu ADN, e isso é igualmente chocante. Veja-se como, ainda na casa de Ford (Benedict Cumberbatch), quando Solomon fica a pender de uma árvore, com uma corda ao pescoço, apoiado nas pontas dos pés, durante muito tempo, os restantes continuam com as suas tarefas…

Tal qual na alegoria da caverna de Platão, nasceram num beco sem saída e não concebem um mundo diferente. Na única ocasião em que algum esboça um desejo, no caso Patsy, é severamente punido. Por um sabão, que era o que ela queria, era lavar-se como uma pessoa. Nyong’o e Fassbender são incríveis juntos, fazendo lembrar uma ampliação da relação distorcida entre Amon Goeth e Helen Hirsch na Schindler’s List, cheia de sentimento de culpa masculino, acentuado por ambos acreditarem ser de uma raça superior e estarem a rebaixar-se ao se apaixonarem por uma preta ou uma judia.

Ao filmar apenas com uma câmara, McQueen rejeita a manipulação temporal dos momentos-chave, tornando as suas implicações mais perceptíveis à medida que a acção se desenrola, ou seja, o realismo é uma preocupação. Frequentemente, essas cenas são alternadas com simples caminhadas ou close-ups prolongados, forçando-nos a pensar no que acabámos de ver e a considerar as possibilidades de desenvolvimento futuro. Esta arte da ponderação é rara no cinema actual, e, mais não fosse, o sucesso de 12 Years A Slave prova que é intemporal. Excelência a todos os níveis e a toda a prova.

9/10

quarta-feira, 12 de março de 2014

LISTAS: Steve McQueen

Steve McQueen revelou recentemente, para a revista Sight & Sound, os seus filmes preferidos. Ei-los:

  • Zero For Conduct (Jean Vigo, 1933)
  • The Rules Of The Game (Jean Renoir, 1939)
  • Tokyo Story (Yasujiro Ozu, 1953)
  • The Wages Of Fear (Henri-Georges Clouzot, 1953)
  • Contempt (Jean-Luc Godard, 1963)
  • Couch (Andy Warhol, 1964)
  • The Battle Of Algiers (Gillo Pontecorvo, 1966)
  • Once Upon A Time In America (Sergio Leone, 1984)
  • Do The Right Thing (Spike Lee, 1989)
  • Beau Travail (Clare Denis, 1999)

terça-feira, 11 de março de 2014

CURTAS: Arena (João Salaviza, 2009)

A melhor forma de um português dar nas vistas: alguém no estrangeiro reconhecer o seu trabalho. Foi o que aconteceu com João Salaviza, que teve a sorte (e o mérito, obviamente) de ganhar uma Palma de Ouro em 2009, caso contrário seria ainda mais um sem-nome no circuito underground das curtas. Arena é um movimento de dentro para fora, que culmina com confronto físico, onde o realizador revela ter bom olho para ambientes urbanos. Mauro (Carloto Cotta) é um tatuador em prisão domiciliária que se vê forçado a tomar uma atitude perante a insatisfação nada pacífica de um cliente com o seu trabalho.

quinta-feira, 6 de março de 2014

The Hunt (Thomas Vinterberg, 2012)

A caça do título é tanto literal como metafórica. Está presente como uma tradição secular e, seja qual for a opinião que cada um tem sobre a perpetuação desta actividade enquanto desporto, nenhum veado morto impressiona tanto como o linchamento psicológico que é feito a uma pessoa ao longo do filme. Lucas (Mads Mikkelsen) é um educador de infância a passar por um divórcio algo litigioso, que o afasta cada vez mais do filho adolescente, apesar da intenção declarada deste em estar mais tempo com o pai. Leva uma existência minimalista e solitária, impondo distância à possibilidade de relações futuras, dedicando-se ao trabalho e aos amigos, dos quais Theo (Thomas Bo Larsen) é o mais próximo. Apesar de serem novos, os filhos deste já apresentam padrões de comportamento pouco saudáveis, que podem ser irrisórios e passageiros nas suas idades ou já indiciar os efeitos nocivos de um casamento com disfuncionalidades que nunca foram amenizadas pela passagem dos anos. O mais velho é adolescente e parece ter descoberto o maravilhoso mundo da pornografia virtual, o que é inevitável hoje em dia e dificilmente preocupante, ao contrário de mostrar imagens de cariz sexual com um amigo à irmã, que, como evidencia a paranoia que tem de não pisar linhas no chão, é mais vulnerável e tem dificuldade em processar o que se desenrola à sua volta, em especial as discussões conjugais quase diárias.

Lucas é, para ela, uma presença constante, um professor e um amigo adulto, por quem, na sua inocência, exterioriza um sentimento infantil de amor, chegando a beijá-lo na boca, levando, de seguida, uma compreensiva lição da impropriedade de tal manifestação, pelo menos com alguém que não seja o pai, a mãe ou um rapaz da turma dela, brinca Lucas. O que se segue é tanto mais preocupante como possível: Klara, abespinhada, inventa uma mentira, diz à directora da escola ter visto o pénis erecto dele e rapidamente se precipita uma abominável campanha de culpabilização à escala da vila inteira, transformando a vida de um homem pacato num inferno. The Hunt é contemporâneo e relevante na medida em que nos obriga a reflectir na quantidade de vezes que outros e nós mesmo julgamos quem nos rodeia com uma velocidade proporcional à da informação (e da desinformação) que, graças às novas tecnologias, nos chega de forma quase imediata.

Basicamente, estará o princípio da presunção de inocência, consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a tornar-se obsoleto simplesmente porque formamos opiniões mais facilmente, ainda que não necessariamente com maior qualidade, e nos interessa cada vez mais que esta seja ouvida e validada do que… a verdade? Estaremos também a dessensibilizar as crianças e os jovens em relação a conceitos que não têm maturidade para compreender em toda a sua dimensão porque perdemos a capacidade de filtrar o que sabem, ouvem e fazem, e até que ponto isso arrasta ou vem como consequência da desresponsabilização dos pais? A personagem de Mikkelsen é levada ao extremo da desconsideração por pessoas que o conheceram toda a vida e conta pelos dedos aqueles que acreditam em si. Apesar de perder a descompostura num local que supostamente exige respeito, uma igreja, é de longe o mais civilizado que lá se encontra sentado, o que sublinha a universalidade da hipocrisia, e acabamos por apoiar o resvalo para o confronto físico, depois de tanta complacência. Afinal, também somos animais. É verdade que o tema da pedofilia não é novidade para Vinterberg, mas os conflitos apresentados em The Hunt fazem Festen parecer unidimensional, por comparação. Um filme com uma narrativa poderosíssima.

9/10

terça-feira, 4 de março de 2014

NOTÍCIAS: Óscares 2014

A 86ª edição dos Óscares decorreu na madrugada de domingo para segunda. Gravity, 12 Years A Slave e Dallas Buyers Club foram os maiores vencedores, o primeiro beneficiando das categorias técnicas para arrebanhar 7 estatuetas, o segundo levando para casa Melhor Filme e o terceiro tendo os actores McConaughey e Leto a serem reconhecidos. Ellen DeGeneres como apresentadora tirou selfies, distribuiu pizza (e cobrou pelas fatias), enfim, deu um ar mais moderno e descomprometido à cerimónia. Pessoalmente, fiquei extremamente contente por ver o realizador Alfonso Cuarón e o director de fotografia Emmanuel Lubezki, que admiro muito e há anos que me surpreendem com as suas colaborações, ganharem. Também acredito que Steve McQueen ser escollhido como Melhor Realizador será uma questão de tempo; por enquanto pareceu ter apreciado a vitória como produtor.

Vencedores
Melhor Filme: 12 Years A Slave
Melhor Actor: Matthew McConaughey (Dallas Buyers Club)
Melhor Actriz: Cate Blanchett (Blue Jasmine)
Melhor Actor Secundário: Jared Leto (Dallas Buyers Club)
Melhor Actriz Secundária: Lupita Nyong'o (12 Years A Slave)
Melhor Realizador: Alfonso Cuarón (Gravity)
Melhor Filme Estrangeiro: The Great Beauty (Itália)