sábado, 30 de agosto de 2014

CURTAS: The Life And Death Of 9413, A Hollywood Extra (Robert Florey, Slavko Vorkapich, 1928)


Hollywood já é uma senhora velha, com velhos hábitos. A prova é esta curta avantgarde sobre um homem que chega ao burgo cheio de esperanças e ilusões e acaba como um extra de segunda categoria. O filme realça a superficialidade do cinema massificado com enorme criatividade.

domingo, 24 de agosto de 2014

The Killer (John Woo, 1989)

Apesar do sucesso que os filmes de acção costumam ter nas bilheteiras, o género é frequentemente menosprezado pela crítica. John Woo é, descontando a fase Hollywood no início do século, uma das excepções: A Better Tomorrow, The Killer ou Hard Boiled recolheram desde o início elogios pelo trabalho de câmara enérgico, a representação descomprometida da violência e a exploração dos códigos de moral, amizade e honra, por vezes ambíguos, pelos quais vive quem faz das armas o seu trabalho, seja de que lado da lei estiverem, para além do escapismo e da diversão que não deixam de oferecer.

The Killer em específico é o mais dramático. Yun-Fat Chow, colaborador frequente do realizador chinês, aparece como um assassino respeitado com ligações às tríades de Hong Kong, cujos sentimentos se intrometem no exercício da sua profissão quando se vê envolvido num banho de sangue num bar e, para além de matar umas dezenas de malfeitores com um único carregador, deixa quase cega uma cantora que lá trabalhava. Cada vez mais alheado, decide tentar reparar os estragos e ajudá-la com tratamentos pagos e a promessa de uma cirurgia correctiva, o que, por sua vez, o faz pensar que está na hora de se retirar.

Claro que não será assim tão fácil, pois para além de um detective estar na sua peugada, também o líder da máfia não vê com bons olhos o quebrar de uma ligação que deve ser para toda a vida e o seu amigo mais antigo da velha guarda trai-o. Essas três personagens secundárias representam três níveis diferentes do espectro da ética, o primeiro tem padrões elevados e não se importa de admitir que admira Ah Jong pela sua tenacidade, o segundo não tem escrúpulos e o terceiro anda na corda bamba, inseguro das atitudes que tem de tomar. As ameaças e os confrontos armados são muitos e intensos.

Woo usa a câmara lenta ciente da visceralidade mas também do lirismo dessas cenas e o efeito é fantástico. Há uma set-piece que vai dum assassinato público para uma perseguição de barco para fogo cruzado numa praia para uma perseguição de carro para um stand-off no hospital – not bad. Apesar de tudo isto, o filme é minado pela lamechice da banda sonora, por alguns clichés dos policiais de Hong Kong, pela forma como a cantora é protegida como uma criança e pela falta de sal dessa personagem. Em 1989 talvez passasse despercebido. Hoje, podemos dizer que Hard-Boiled ou Face/Off são mais equilibrados.

6/10

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

POSTERS: Jodorowsky's Dune (Frank Pavich, 2013)

Não tem data de estreia prevista para Portugal, mas o documentário sobre um filme que nunca foi, Dune por Jodorowsky, tem captado a atenção dos cinéfilos mais atentos. O que poderia ter sido deste filme se tivesse sido realizado pelo mexicano, em vez de David Lynch? Para começar, teria contado com Orson Welles e Salvador Dalí. Outros grandes artistas estiveram envolvidos na pré-produção. Para saber mais, só vendo o documentário! Por aqui, publico três grandes posters a ele relativos.




quarta-feira, 13 de agosto de 2014

On The Road (Walter Salles, 2012)

O impacto de On The Road é incomensurável e não se limita à literatura. A vivacidade da escrita de Jack Kerouac e os seus relatos de uma juventude despreocupada, libertina mas culta, constantemente a bordo de viagens pelo país ou pelos delírios de todas as drogas possíveis e imaginárias, alargou o imaginário de uma América vasta, atravessada por estradas sem fim à espera de serem desbravadas. Se não fosse On The Road e a geração beat do pós-guerra os The Beatles não teriam o mesmo nome, Easy Rider não teria sido possível e talvez nem os hippies teriam aparecido pois faltar-lhes-ia esta referência dos anos 50.

Desde que saiu, em 1957, que a possibilidade de uma adaptação cinematográfica era explorada. O próprio autor chegou, na altura, a tentar envolver Marlon Brando para ver se o projeto ganhava corpo, mas não se concretizou. Francis Ford Coppola, Gus Van Sant e Joel Schumacher foram, ao longo dos anos, apontados como possíveis realizadores, sendo que o primeiro até detinha os direitos do livro. Curiosamente, este símbolo tão grande da cultura americana materializa-se agora finalmente pelas mãos de um brasileiro, Walter Salles, que com The Motorcycle Diaries no currículo não é nenhum estranho a road movies.

Esta dificuldade em transportar On The Road para outro meio é compreensível: escrito em cerca de 3 semanas num longo rolo de papel, com uma linguagem fluída e cheia de calão, o livro vive das palavras, da falta de história e da descrição de pessoas, paisagens e ambientes. Que o filme consiga apresentar sintonia com o seu ritmo e energia já não é nada mau e, de resto, o próprio realizador parece desculpar-se, ou, no mínimo, pedir para termos expectativas realistas, quando usa uma das personagens, o erudito Old Bull Lee (curta mas agradável aparição de Viggo Mortensen) para reforçar que “as traduções são traições”.

Ao argumentista Jose Rivera calhou então o trabalho mais ingrato. Apesar de ter tomado algumas liberdades quanto às relações de algumas personagens, esses atalhos em nada encobrem a mentalidade excessiva de Sal, Dean ou Marylou (se há alguma crítica justificável, é a falta de carisma de alguns dos actores, Sam Riley excluído, claro), que tentam a todo o custo preencher o vazio que percepcionam ser as suas existências. Essa fúria de viver é jubilosa e triste ao mesmo tempo, e talvez ainda mais sexualizada do que no livro. Tal como nos poemas de Allen Ginsberg (a inspiração para Carlo), há uma rejeição dos tabus.

É verdade que as personagens se banham em hedonismo, mas On The Road é mais do que uma sucessão de cenas de sexo, festas e viagens de carro, é uma geração à procura da sua voz e a encontrá-la sem ter noção, é uma carta aberta à grandeza e franqueza da América, mostrando que o país responsável pelo capitalismo selvagem e os males que daí advêm, ontem como hoje, é o mesmo que nos deu Duke Ellington ou o movimento dos direitos civis. Após 50 anos de gestação, este filme é tão bom quanto poderia alguma vez ser. Sinceramente, acho que, neste caso, é um dos melhores elogios possíveis.

7/10

terça-feira, 12 de agosto de 2014

FOTOGRAFIAS: Robin Williams

O merecido Óscar em 1997 

Artista de rua em 1979, Nova Iorque 

Foto promocional de Father's Day (1997)

Com o amigo Christopher Reeve 

Com Terry Gilliam no set de The Fisher King 


Inimitável.