segunda-feira, 29 de agosto de 2016

On Her Majesty's Secret Service (Peter R. Hunt, 1969)

On Her Majesty’s Secret Service, ou o filme em que James Bond se casa e a esposa é assassinada horas depois na Serra da Arrábida. O sexto tomo da série do espião mais famoso do cinema é afamado por vários motivos, sendo a passagem por Portugal um deles, ou não tivesse Ian Fleming, o criador da personagem, absorvido inspiração para algumas das aventuras nas suas estadias no Casino e no Hotel Palácio do Estoril. Diz-se que o produtor Harry Saltzman planeara usar praias francesas como local de gravação, mas o realizador Peter Hunt achou que eram cenários já gastos e decidiu-se antes pela província da Estremadura.

Para além de ser a única vez, até agora, que 007 pede um Martini batido, não mexido, no nosso retângulo, é desenvolvida uma história invulgarmente pessoal e regista-se a primeira mudança de ator no papel principal, com a saída do pioneiro Sean Connery e a entrada do inexperiente George Lazenby. O decréscimo de carisma a este nível desilude, é impossível não pensar que, com o escocês a dar a cara, este talvez tivesse sido o melhor Bond de sempre. Podemos, contudo, contentarmo-nos com a presença de Diana Rigg, a noiva, que ainda é das mulheres mais fascinantes que apareceu no grande ecrã.

A Suiça também está em destaque, mais concretamente o cantão de Berna, com os teleféricos e as pistas de neve de Mürren a esconderem um laboratório secreto onde Blofeld (também interpretado por um novo ator, neste caso Telly Savalas) está refugiado, a preparar um conflito biológico. O encontro entre o herói e o vilão só é possível porque On Her Majesty’s Secret Service antecede cronologicamente You Only Live Twice, permitido assim que Bond se infiltre, sem ser reconhecido, com o disfarce de perito em heráldica, contratado para validar um título falso de conde que Blofeld quer usar como fachada.

Esta perseguição ao número um da SPECTRE é facilitada por uma organização criminosa concorrente, pronta a fazer jogo duplo com os serviços secretos para benefício próprio. É assim que entra em cena Draco, o seu chefe, e a filha Tracy, por quem o agente inglês se apaixona, pelo que, no meio do enredo já de si bastante sólido, há essa dimensão sentimental que é muito bem gerida e que se manteve ausente da série até à época de Daniel Craig. Com todos estes elementos diferenciadores, não é de espantar que On Her Majesty’s Secret Service receba frequentemente louvores dos fãs.

8/10