On Her Majesty’s Secret Service, ou o filme em que James
Bond se casa e a esposa é assassinada horas depois na Serra da Arrábida. O
sexto tomo da série do espião mais famoso do cinema é afamado por vários
motivos, sendo a passagem por Portugal um deles, ou não tivesse Ian Fleming, o
criador da personagem, absorvido inspiração para algumas das aventuras nas suas
estadias no Casino e no Hotel Palácio do Estoril. Diz-se que o produtor Harry
Saltzman planeara usar praias francesas como local de gravação, mas o
realizador Peter Hunt achou que eram cenários já gastos e decidiu-se antes
pela província da Estremadura.
Para além de ser a única vez, até agora, que 007 pede um
Martini batido, não mexido, no nosso retângulo, é desenvolvida uma história
invulgarmente pessoal e regista-se a primeira mudança de ator no papel
principal, com a saída do pioneiro Sean Connery e a entrada do inexperiente
George Lazenby. O decréscimo de carisma a este nível desilude, é impossível não
pensar que, com o escocês a dar a cara, este talvez tivesse sido o melhor Bond
de sempre. Podemos, contudo, contentarmo-nos com a presença de Diana Rigg, a
noiva, que ainda é das mulheres mais fascinantes que apareceu no grande ecrã.
A Suiça também está em destaque, mais concretamente o
cantão de Berna, com os teleféricos e as pistas de neve de Mürren a esconderem
um laboratório secreto onde Blofeld (também interpretado por um novo ator, neste
caso Telly Savalas) está refugiado, a preparar um conflito biológico. O
encontro entre o herói e o vilão só é possível porque On Her Majesty’s Secret Service
antecede cronologicamente You Only Live Twice, permitido assim que Bond se
infiltre, sem ser reconhecido, com o disfarce de perito em heráldica,
contratado para validar um título falso de conde que Blofeld quer usar como
fachada.
Esta perseguição ao número um da SPECTRE é facilitada por
uma organização criminosa concorrente, pronta a fazer jogo duplo com os
serviços secretos para benefício próprio. É assim que entra em cena Draco, o
seu chefe, e a filha Tracy, por quem o agente inglês se apaixona, pelo que, no
meio do enredo já de si bastante sólido, há essa dimensão sentimental que é
muito bem gerida e que se manteve ausente da série até à época de Daniel Craig.
Com todos estes elementos diferenciadores, não é de espantar que On Her
Majesty’s Secret Service receba frequentemente louvores dos fãs.
8/10