domingo, 30 de dezembro de 2012

2º Torneio Interblogues - Antevisão

O segundo Torneio Interblogues, levado a cabo pelo CINEdrio contará este ano com a presença d'O Narrador Subjectivo. Combinando cinema e futebol, esta iniciativa torna 8 críticos de bancada em treinadores de bancada, cada um com a sua equipa de realizadores, num mata-mata cujo resultado será determinado pela votação dos adeptos. Este blog apresentar-se-à em campo no primeiro jogo (precisamente contra o CINEdrio) com o único onze misto em competição, que podem conferir aqui:

Guarda-Redes: Sofia Coppola. A sua classe e compostura transmitem uma calma e uma segurança incomparáveis à linha defensiva.

Lateral Direito: Kim Ki-Duk. A sua solidez é um problema para os extremos mais atrevidos, que são sempre surpreendidos com um corte certeiro no momento em que julgavam estar prestes a escapar à marcação. Carácter silencioso, jogo severo.

Defesa Central: Gus Van Sant. Central conhecido pela técnica soberba, está constantemente alerta e em sintonia com o ambiente que o rodeia. Muito bom no ar.

Defesa Central: Bruno Dumont. Longe de ser o mais alto ou o mais veloz dos defesas, impõe-se pelo posicionamento preciso e pelo poder de antecipação. É capaz de moer a paciência ao mais recatado adversário e o seu trabalho sem bola passa despercebido até, qual líbero, salvar a sua baliza em cima da linha ou sacar um cabeceamento ao segundo poste que dá golo e pôr toda a gente a perguntar de onde é que terá aparecido.

Lateral Esquerdo: Andrea Arnold. Com um sentido de timing perfeito, esta lateral inglesa, apesar de primariamente defensiva, quando ataca é sempre com o pragmatismo que por vezes ajuda a decidir jogos na recta final.

Extremo Direito: Gaspar Noé. Às vezes criticado por ser demasiado brinca na areia, a sua velocidade e criatividade são inegáveis. Com diagonais que apanham qualquer defesa desprevenida, consegue deixar estádios de boca aberta.

Médio Defensivo: Jerzy Skolimowski. Afastado destas lides durante algum tempo, por vontade própria, o regresso de Skolimowski fez-se com a timidez que lhe é característica. Joga sempre limpo, está sempre no sítio certo à hora certa, e é o complemento perfeito para qualquer meio-campo cerebral de gestão de posse de bola. Muito subestimado.

Médio Ofensivo: Darren Aronofsky. É um jogador que enche o campo com a sua criatividade, nunca vai abaixo em momentos de grande tensão ou jogos de maior importância (aliás, encontra sempre forma de elevar a fasquia, mesmo quando já parece improvável alguém conseguir fazê-lo) e que impressiona pela velocidade de decisão; joga com a bola coladinha ao pé mesmo quando ultrapassa a barreira da luz em corrida. Com Skolimowski por trás, tem toda a liberdade ofensiva de que um verdadeiro número 10 gosta.

Extremo Esquerdo: Steve McQueen. Cruzamentos milimétricos e especialista das bolas paradas. Simplesmente letal, extremamente temido e imprevisível. Drulovic londrino.

Avançado-Centro: Lynne Ramsay. Avançado de trabalho cujo ritmo e visão de jogo estabelecem uma transição perfeita entre o número 10 e o ponta-de-lança, quando necessário. Sabe quando tem de vir atrás buscar jogo e acaba todas as épocas com quase tantas assistências quanto golos.

Ponta-de-Lança: George A. Romero. É aquele ponta-de-lança experiente que surpreende sempre pela capacidade de fugir à marcação seja de quem for. A sua longevidade tornam-no imparável, marcou uma era com o seu estilo único, já tem um legado - uma verdadeira lenda viva, respeitado por todos.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Lawless (John Hillcoat, 2012)


O quinto filme de John Hillcoat marca igualmente a sua terceira colaboração com Nick Cave. O músico australiano escreveu mais um argumento a transbordar de testosterona e violência para Lawless, apesar de, comparando com Ghosts Of The Civil Dead (1988) e The Proposition (2005), haver algum nível de romantismo envolvido, não só pela maior preponderância de figuras femininas, mas também pela aparente nostalgia por uma época na qual, obviamente, não viveu, de transição entre o velho oeste e os vícios das novas cidades.

Lawless é um western e um filme de gangsters ao mesmo tempo. Os sulistas são mais simples, menos expressivos e estão encarregues da parte menos glamorosa do tráfico de álcool no período da Lei Seca nos Estados Unidos: a sua produção. Os nortenhos vêm de Nova Iorque, Chicago e afins, com os fatos da moda, verborreias bem enfeitadas e assumem ou a comercialização ilegal dos líquidos proibidos ou o combate aos labregos sujos que não respeitam nada nem ninguém (pelo menos é assim que os vêem  por isso há que ser superior e… bater-lhes ou matá-los).

Percebendo que todos eles são criminosos à sua maneira, valorizar uns e vilificar outros pode sempre revelar-se infrutífero, mas é uma técnica antiga de Hollywood, que, não obstante, permeia grandes clássicos e resulta aqui pela mecânica entre os 3 irmãos Bondurant: juntos, tentam fazer pela vida com o que a terra que define a sua identidade lhes dá, ou seja, matéria-prima. Têm noções de família e honra que são ameaçadas mais pelo desprezo, sadismo e abuso de força das autoridades do que propriamente pela lei em si. Quando um contrafactor tem mais carácter e estaleca moral que um US Marshal, claro que vamos ficar do lado dos primeiros.

O filme joga habilmente com estes conflitos e só é pena que não consiga evitar dezenas clichés. O cenário é tão diferente dos filmes típicos sobre esta era, levando as guerras de território para o campo e dando a conhecer a realidade por detrás do império de homens como Al Capone e outros, mas a relação de Forrest, o mais velho, com Maggie, uma antiga dançarina farta da vida urbana, não passa do trivial, os diálogos mais profundos acabam por ficar deslocados quando se está tanto tempo a desenvolver personagens ríspidas e de poucas palavras e dá a impressão de que algumas cenas estão mal montadas. A qualidade do elenco vai amenizando estas imperfeições.

Dificilmente Hillcoat e Cave conseguiriam esculpir algo mais visceral que The Proposition, mas a decisão de adocicar esta história só não se revela completamente despropositada porque o amor jovem é sempre interessante e Shia LaBeouf e Mia Wasikowska têm bastante química juntos. A interpretação dele é especialmente captivante pela sua evolução, de irmão mais novo enfezado e curvado, que chora e pede misericórdia quando está a ser espancado, para assassino inconstante e sem papas na língua, preparado para assumir responsabilidades e puxar um gatilho.

A presença de Tom Hardy é imponente, e a cena em que é ferido com gravidade é a melhor. Por último, Guy Pearce volta a demonstrar a sua criatividade com Charlie Rakes, um niilista de sobrancelhas rapadas, pronto a violar mulheres e matar deficientes motores para chegar aos Bondurant. Fala de si na terceira pessoa e fica irritado quando o sangue dos pacóvios que esmurra suja as suas luvas colecção Outono/Inverno. Que fique claro - mesmo notando-se falta de rumo, Lawless não deixa de ser negro como a noite e um raro híbrido de géneros.

6/10

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

The Best Intentions (Bille August, 1992)

Uma música tão profunda, fria, simples, sofrida e certeira quanto o romance entre os pais de Ingmar Bergman, que é a base deste filme de Bille August, que trouxe à vida o argumento do mestre sueco, retirado há 10 anos depois de Fanny And Alexander. Sinceramente, gosto mais de The Best Intentions e acho curioso que Bergman tenha escolhido não fazer desta história o seu último filme...

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

TOP5: Natal

05. The Nightmare Before Christmas (Henry Selick, 1993)
O primeiro grande filme de animação stop-motion já tem quase 20 anos, mas continua a reter um charme e uma originalidade contagiantes. Henry Selick conhecera Tim Burton anos antes, quando ambos trabalhavam na Disney, e com o seu apoio deu vida a este pequeno delírio musical sobre um bizarro esqueleto, habitante em Halloweentown, que tenta perceber o conceito do Natal.

04. A Christmas Carol (Robert Zemeckis, 2009)
O livro de Charles Dickens é um clássico que sintetizava, na altura, novas e antigas tradições desta época festiva num conto de redenção em que um avarento idoso, Ebenezer Scrooge, é visitado por 3 fantasmas na véspera de Natal, que lhe mostram o seu passado, presente e futuro. Há muitas versões, mas escolhi este por a animação 3D em motion-capture ser particularmente bem conseguida e por adorar os planos contínuos logo no início.

03. It's A Wonderful Life (Frank Capra, 1946)
Os filmes de Capra parecem sempre muito doces e optimistas, mas creio que isso acontece apenas porque essa é a atitude que as personagens tentam ter em relação à vida, mesmo quando são confrontadas com grandes dificuldades, como a personagem principal deste filme. A presença de Jimmy Stewart, um dos melhores actores de sempre, e de Donna Reed, uma das mais bonitas actrizes de sempre, também ajuda.

02. Christmas Vacation (Jeremiah S. Chechik, 1989)
Muito me ria com esta comédia quando era mais novo e nunca percebi a insistência das televisões com o Home Alone quando podiam passar um filme muito melhor. Chevy Chase tem aquele ar de chefe de família pateta a quem todos conseguem dar a volta, mas no fundo é um bom homem e no fim coisas boas (ou menos más) acontecem e tudo fica bem. Como esquecer um Natal que acaba com a SWAT a arrombar a porta da frente?

01. Miracle On 34th Street (George Seaton, 1947)
Neste filme, um homem é hospitalizado por afirmar ser o verdadeiro Pai Natal. Claro que é o número um!

sábado, 22 de dezembro de 2012

To Be Or Not To Be (Ernst Lubitsch, 1942)


Certamente já ouviram falar do grande actor polaco Joseph Tura... não? A sério? Bem, vou tentar relativizar essa falha, visto ele ser uma personagem ficcional, mas se um dia alguém vos repetir esta pergunta, digam que sim - há uma grande probabilidade de ser o próprio a fazê-la. Seja no momento de confirmação do início da 2a Guerra Mundial, seja a tentar extrair informação secreta a um oficial de topo da Gestapo, nas piores ou mais tensas condições possíveis, o ego do actor parece sempre insaciável e necessitado de validação.

Claro que as situações são exageradas, mas Lubitsch acreditava (e falará por experiência própria) que actores são criaturas em constante procura de atenção, por vezes perdendo noção do mundo que os rodeia. Quando se predispôs a juntar isto com uma sátira ao regime nazi em 1942, a confusão foi significativa, dada a ameaça que Hitler representava e os relatos distantes dos horrores em ocorrência na Europa, apesar da real mestria da tragicomédia de To Be Or Not To Be.

O próprio pai de Jack Benny, o protagonista, terá odiado a ideia de ver o filho brincar com uma questão tão séria. Compreensível, mas o tempo encarrega-se de acalmar os ânimos e trazer objectividade a todas as discussões e Benny tem aqui, na realidade, o desempenho de uma carreira. Arrogante, mas de bom fundo, possessivo, sempre preocupado com a possibilidade de a sua mulher o trair, Tura é um desafio, por exigir interpretações sobre interpretações.

Tentando impedir que um espião germânico trafique mais informação, a companhia de teatro de Varsóvia improvisa esquemas perigosos de roubo de identidade e Benny acaba a fazer de Tura a fazer de coronel da Gestapo, quase conseguindo enganar o vil Professor Siletski, e de Tura a fazer de Professor Siletski, quase conseguindo enganar o ignorante coronel Ehrhardt. Este jogo de espelhos torna esta farsa hilariante e excitante de seguir, tanto mais que o seu falhanço pode resultar em morte.

Não há em To Be Or Not To Be um vestígio de desrespeito pelas vítimas da guerra, apenas uma tentativa de ridicularizar uma ideologia desumana através de uma história de equívocos resolvida por um grupo em frequente ilusão, actores. Como tal, consegue ser leve, ao que não é alheio o toque de Lubitsch na escrita de superpiadas, ou seja, trabalhar para uma boa piada que é logo seguida de outra inesperada e ainda melhor, e consciente, em simultâneo, não fosse o realizador ser um judeu alemão.

Apesar da proeminência do mítico solilóquio de Hamlet a que o título se refere, usado como senha para os encontros sem consumação da senhora Tura (Carole Lombard, fantástica de muitas formas) com um jovem aviador, é outra passagem de Shakespeare que melhor resume o filme, recitada por uma personagem menor após captura pelas SS: "if you prick us, do we not bleed? If you tickle us, do we not laugh? If you poison us, do we not die?" Afinal, um audaz apelo à tolerância.

8/10

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Underground (Emir Kusturica, 1995)


Um dos momentos mais memoráveis e desconfortáveis de Cannes aconteceu em 1995 - nesse ano, dois filmes com as guerras recentes na Jugoslávia como pano de fundo assumiam-se como maiores candidatos à conquista da Palma de Ouro. Ulysses' Gaze de Theodoros Angelopoulos e Underground de Emir Kusturica procuravam encontrar razões para o carácter repetitivo de tão destruidores ciclos de violência e caminhos para uma paz duradoura,  através de execuções muito diferentes, ou pelo menos era o que se dizia. Na cerimónia de entrega dos prémios, o realizador sérvio viria a ganhar a honra maior do festival pela segunda vez na sua carreira e o seu homólogo grego teria de se contentar com o Grande Prémio do Júri, o que não aconteceu, pois assim que subiu ao palco para o receber disse apenas "se é só isto que têm para me dar, não tenho nada para vos dizer."

Não querendo justificar a atitude petulante de Angelopoulos, o seu filme é contemplativo, grandioso e de um virtuosismo técnico talvez unicamente superado por Tarkovsky, enquanto que o filme de Kusturica é um circo de auto-paródia que se deixa levar por brejeirice e fantasia; apesar do seu enorme alcance temporal, esboça pouco para além de uma caricatura dos eventos mais trágicos e das preocupações geopolíticas da região. A história segue dois bandidos muito amigos, que fazem dinheiro a roubar despojos de guerra para gastar em prostitutas e amantes que simpatizam com o regime nazi (ou pelo menos com os soldados). Blacky lidera as operações da resistência local com o seu espírito guerreiro e tem o poder de sobreviver a explosões de granadas, enquanto que Marko se assume como o seu essencial contraponto intelectual e um adepto da masturbação durante bombardeamentos.

Tomando uma cave como base, o grupo, composto por habitantes locais dos mais diversos grupos etários, passa a viver exclusivamente numa realidade alternativa, produzindo armamento dia e noite, tendo Marko como único ponto de contacto com o exterior, o que se revela um mau voto de confiança, já que este decide manter os conterrâneos na ignorância quando o conflito mundial finda em 1945 e o Marechal Tito toma o poder, perpetuando uma mentira durante 20 anos. Com que propósito? É uma boa pergunta. Será por querer roubar a actriz Natalija para si, quando o coração desta parece descair para Blacky? Será por lhe dar jeito um exército de escravos para atingir algum objectivo político numa Jugoslávia comunista? Ou será apenas uma metáfora para o isolamento que os regimes ditatoriais cultivam? Ideias mal passadas e personagens inconsistentes são regra.

Underground foi criticado por ser historicamente irresponsável e, no extremo, simpatizante com a causa Sérvia na última guerra dos Balcãs. Não chegaria tão longe, mas é de facto decepcionante que, tendo conhecimento de causa, Kusturica não consiga fazer mais do que cozinhar uma mistura insossa da espontaneidade do cinema checo com o slapstick de um Fellini, sem o vanguardismo e os subtextos do primeiro nem a fluidez e fulgor visual do segundo. Na última hora ainda se encontram vestígios de emoção e do infernal efeito nas personagens de todo o sofrimento a que foram subjugados ao longo do séc. XX, mas depois de duas horas de uma total confusão, banalidade e falta de profundidade a todos os níveis, é tarde. Underground diz pouco, entretém pouco, é longo e barulhento demais. O melhor é rever os clássicos de Menzel e Forman. Quiçá até o tal filme de Angelopoulos...

4/10

domingo, 16 de dezembro de 2012

TCN Blog Awards 2012

Precisamente nas traseiras do Mosteiro dos Jerónimos, o Centro Cultural Casapiano foi o local escolhido este ano para albergar os TCN Blog Awards. Depois de uma viagem de 3 horas de carro e de encher o bandulho com esparguete à beira-rio, com vista para o Jardim da Praça do Império de um lado e o Padrão dos Descobrimentos do outro, lá fui fazer o check-in. Estava preocupado com a possibilidade de o meu nome não aparecer na lista, dado a minha apurada memória apenas me ter lembrado de reservar o lugar por email na noite do dia anterior, mas não, lá estava O Narrador Subjectivo algures na lista.

Como foi a minha primeira presença neste "certame" não sabia bem o que esperar, pelo que fiquei impressionado com a capacidade de planeamento e de improviso do Manuel Reis enquanto anfitrião. Os muitos momentos de interacção com o público, em especial, ajudaram a manter a atmosfera relaxada do início ao fim, não tendo escapado algumas referências às situações, equívocos e frases mais embaraçosas do ano. Nota de rodapé, descobri que ambos temos a Luísa Barbosa (que marcou presença no evento e apresentou um dos prémios) e a Odete Santos no top3 das portuguesas mais sensuais.

Foi uma pena não se ter visto as 3 curtas que estava planeado serem projectadas ao longo da cerimónia, devido a problemas com o som em Assim Assim, de Sérgio Garciano (que deu origem, há pouco tempo, a uma longa-metragem com algum sucesso comercial e um grande elenco de actores) e em Black Mask (Filipe Coutinho), que provavelmente só não se manifestaram durante a exibição de Auguste (Amadeu Pena da Silva, Pedro Santasmarinas) pelo simples facto de não conter quaisquer diálogos. Sessões de cinema durante um evento destes cortam um pouco o ritmo, mas gosto sempre de ver novos trabalhos.

O Narrador Subjectivo não venceu em nenhuma das 2 categorias para que estava nomeado directamente (Melhor Blog Individual e Melhor Crítica de Cinema) nem viu nenhuma das iniciativas em que participou ganharem o prémio correspondente, mas fica aqui uma mensagem de parabéns à concorrência, pois sei que a vitória dos meus colegas do CCOP Catarina D'Oliveira e Tiago Ramos foram mais que merecidas. Lamento ter encurtado o convívio final com todos os que conheci neste dia, mas certamente haverão outros encontros. Cumprimentos a todos vocês e à organização desta festa, que atingiu dimensões surpreendentes.

Agradecimentos finais ao pessoal do TVDependente, que me aturou durante o almoço e à tardinha, à Carolina Sales, que me deu os enormes posters de cinema que tinha ganho, incluindo um do Amour (Michael Haneke ftw), e, em especial, ao Vitor Rodrigues, Ricardo Leal e António Guerra, pela boleia e companhia, incluindo uma viagem de regresso mais longa do que o esperado!

Lista dos vencedores dos TCN Blog Awards 2012:

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

TRAILERS: Man Of Steel (Zack Snyder, 2013)

Fico um bocado perplexo com esta lógica, que está transformada em moda, de fazer remakes de histórias de origem que já tiveram remakes há 5-10 anos, mas a verdade é que a ideia de Zack Snyder a realizar um filme do Super-Homem é maravilhosa e este trailer deixa água na boca. Ah, e a Amy Adams é a Lois Lane!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Faust (Aleksandr Sokurov, 2011)


In Soviet Russia, you don’t see paintings; paintings see you. Bem, a Rússia já não é um estado soviético e, mesmo que fosse, a acção de Faust desenrola-se na Alemanha do séc. XIX, mas a verdade é que este filme de Sokurov parece transportar-nos para um museu de pintura, talvez flamenga, ou melhor ainda, dá o efeito de um museu de pintura flamenga a circundar à nossa volta enquanto estamos sentados numa cadeira e mais do que obrigar-nos a prestar atenção aos contrastes de luz e significados alegóricos, perscruta-nos sub-repticiamente, como que mostrando a descida ao inferno da personagem principal, mas, acima de tudo, perguntando até que ponto qualquer um de nós consegue resistir às tentações do diabo.

O realizador, como bom aluno do mestre Tarokvsky que foi, sempre primou pelo fulgor visual, ou não estivéssemos a falar do homem por detrás de Russian Ark, uma mastodôntica viagem pelo Hermitage contida num único plano-sequência de 96 minutos, mas considero Faust mais multidimensional; a imagem, maioritariamente difusa, captada por filtros que variam na distorção que provocam e na claridade que transmitem, tem uma opressiva qualidade onírica que reflecte a fantasia e o grotesco inerentes a esta lenda, popularizada pela interpretação dramatúrgica de Goethe, de um médico que assina em sangue um contrato com Mefistófeles para obter amor e conhecimento, pagando o preço com a sua alma.

Conto pelos dedos as vezes em que já me senti a imergir tão profundamente no surrealismo de um filme unicamente graças à fotografia como aqui e a intenção desse efeito é mesmo evidenciada por um mergulho dado no rio, arrastando Gretchen, a jovem por quem Faust se baba e cuja inocência fere na tentativa de a possuir. A queda dele causa tanta vertigem que a tela chega a ameaçar rodar sobre um eixo horizontal para o seguir. Faust procura, acima de tudo, poder, e é nessa perspectiva que Sokurov o insere numa tetralogia inaugurada com Moloch, a que se seguiram Taurus e The Sun, com a diferença de esses se focarem em figuras históricas (Hitler, Lenine e Hirohito) cuja corrupção moral teve consequências bem reais.

O seu estilo, contudo, é mais adequado à fábula e revela-se engrandecido com esta mudança. Não mais sob uma influência demasiado ostensiva do seu professor (The Lonely Voice Of Man ou The Second Circle, por exemplo, parecem-me ainda hoje ideias que Tarkovsky mandaria para o lixo), Sokurov encontrou, com o passar do tempo, novos caminhos por onde levar as suas próprias preocupações éticas, familiares e espirituais, ancorando-as também em vagueza narrativa e plasticidade estética. Os diálogos são incessantes e o humor passa frequentemente despercebido, é verdade (há algum no início, talvez extraviado) – mas olhem bem para esta maravilha! In (not-so) Soviet Russia, you don’t speak of the devil; the devil speaks of you.

8/10

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

TRAILERS: Little Manhattan (Mark Levin, 2005)

Este filme é adorável, não há outra palavra. Para além disso, explora cantos de Nova Iorque muito para além do olhar turístico, lugarzinhos que todas as cidades têm mas normalmente só os nativos conhecem, o que é sempre interessante. Também há um tempo para a lamechice e quando ele chega encaixar o Little Manhattan é uma decisão acertada.

domingo, 2 de dezembro de 2012

SONDAGENS: Novembro de 2012


Qual o melhor James Bond?

  1. Sean Connery (35%)
  2. Roger Moore (21%)
  3. George Lazenby (21%)
  4. Pierce Brosnan (14%)
  5. Daniel Craig (7%)
  6. Timothy Dalton (0%)
Amostra: 14 votos.

O melhor James Bond de sempre, segundo os leitores deste blog, é Sean Connery, o 007 cinemático original. George Lazenby surpreende ao ficar em 2º (empatado com Roger Moore); apesar da qualidade do filme On Her Majesty's Secret Service (o único com gravações em Portugal), o actor australiano foi o menos utilizado no franchise.