Como seria de esperar, a busca e a morte de Osama Bin Laden
começam a alimentar a máquina de Hollywood. Em Janeiro de 2013, Zero Dark
Thirty recolheu cinco nomeações para os Óscares, das quais apenas uma se
materializou num prémio, mas ficou reforçada a ideia de que a América sente uma
enorme atracção pelos episódios mais negros e dúbios da sua história, desde
Pearl Harbor à guerra do Vietname ou ao assassinato de John F. Kennedy. Antes,
o National Geographic transmitiu este Seal Team Six.
Pelos olhos de vários intervenientes na operação, a acção
desenrola-se a um ritmo consistente, explorando o trabalho dos militares, da
CIA e dos agentes infiltrados e realçando as incertezas que têm de ser
mitigadas para o ataque ao complexo onde o terrorista vivia com grande parte da
família no Paquistão ser aprovado. Entrevistas com as personagens, como se se
tratasse de um documentário, servem de interlúdios – dispensáveis, já que o
argumento é bastante auto-explicativo.
O maior ponto de interesse é guardado para o fim, com a
reconstituição da missão (cujo objectivo é apenas revelado à equipa no momento
em que são mobilizados para a empreenderem). Os tiroteios realistas, os planos
POV e o ambiente nocturno, para além da satisfação da curiosidade mórbida em ver
um homem ser alvejado até à morte, tornam a cena intensa q.b.. Obama aparece
todo o lado, omnipresente, enquanto Osama é apenas uma sombra fugaz e sem rosto
na escuridão.
Facilmente se reduziria o filme a uma hora, cortando os
dramas cliché e desinteressantes vividos dentro da Seal Team Six, que não levam
a lado nenhum. Teria mais relevo perceber melhor o dia-a-dia dos agentes no
terreno que fazem a papa toda para a CIA, chegando mesmo a entrar no complexo,
disfarçados de junta médica. Com mais ou menos exatidão quanto ao que aconteceu
(supostamente as câmaras nos capacetes são um mito, por exemplo), este
tele-filme é competente e, claro, revestido de fascínio histórico.
6/10
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