Há superstições para tudo.
Algumas têm a sua origem em crenças antigas, amiúde infundadas, que se
transmitiram de geração em geração sem que alguém saiba bem porquê, lembro-me
dos pés de coelho. Outras parecem mais medidas de segurança, passar por baixo de
uma escada pode não ser uma boa ideia, corre-se o risco de levar na cabeça com
alguém com pouca noção de equilíbrio. Cruzar caminho com um gato preto faz
sentido, ou qualquer gato, já que estou nesta temática, porque toda a gente
sabe que são criaturas traiçoeiras, enviadas para a Terra pelo Diabo. Mas e os
espelhos? Bater na madeira? Ou, mais desconcertante, o medo de que o calendário
e a matemática estejam a conspirar em conjunto para nos prejudicar num dia tão
específico e aleatório como as sextas-feiras treze?
Claro que tudo isto é terreno
fértil para o cinema de terror. Depois do sucesso de Halloween em 1978, os
assassinos em série ganharam o seu próprio subgénero, os filmes slasher, e
multiplicaram-se ao longo dos anos 80. Este Friday The 13th foi uma das
primeiras tentativas de replicar a fórmula. O dinheiro choveu de todos os
lados, as sequelas não demoraram muito a aparecer, e, mais tarde, os remakes.
Que grandes atributos lhe podemos atribuir? Um ambiente de cortar à faca? Uma
narrativa aliciante? Inovações tecnológicas? Um psicopata memorável? A respota
é “nope” a tudo, pelo menos neste primeiro tomo. Aquela lentidão e estranheza ubíqua
que se entranham quando se vê o filme de John Carpenter não encontram rival
aqui, o cenário do lago idílico é muito mais suspeito em Let’s Scare Jessica To
Death, a originalidade da história de A Nightmare On Elm Street está a milhas,
não se pode esperar grandes planos num low budget destes e o mítico Jason
Voorhees marca presença num total de 0,0035 segundos e com um aspeto muito
diferente do brutamontes com máscara de ski a que estamos habituados.
Portanto, uma desilusão a vários
níveis. Trinta e tal anos antes, o Camp Crystal Lake era um paraíso para os
pais que gostam de se livrar das crianças e adolescentes quando entram de
férias no Verão. Isto até ao ano em que dois monitores foram assassinados
perante freeze frames patéticos e o tempo passa até algum iluminado se lembrar
de desafiar o destino e o reabrir. Logo na primeira noite, enquanto os novos
monitores ainda estão a conhecer os cantos à casa e aos corpos uns dos outros,
alguém os persegue, como que por vingança. Claro que com tantas hormonas à
solta e sangue a espirrar, Friday The 13th cativou audiências mais jovens. A
traqueia do Kevin Bacon é trespassada com uma seta, o que é espetacular. Nada
contra o Kevin Bacon. Já agora, como é que o Kevin Bacon atende uma chamada? A
dizer “tou-cin-ho?”.
4/10
Está longe de ser um grande filme, mas ficou marcado por ser algo diferente do que era produzido de terror na época em que foi lançado.
ResponderEliminarSeguiu a trilha do sucesso de "Halloween" e abriu caminho para a quase interminável franquia.
Abraço
Sem dúvida.
EliminarAbraço.