sábado, 15 de agosto de 2015

Friday the 13th (Sean S. Cunningham, 1980)

Há superstições para tudo. Algumas têm a sua origem em crenças antigas, amiúde infundadas, que se transmitiram de geração em geração sem que alguém saiba bem porquê, lembro-me dos pés de coelho. Outras parecem mais medidas de segurança, passar por baixo de uma escada pode não ser uma boa ideia, corre-se o risco de levar na cabeça com alguém com pouca noção de equilíbrio. Cruzar caminho com um gato preto faz sentido, ou qualquer gato, já que estou nesta temática, porque toda a gente sabe que são criaturas traiçoeiras, enviadas para a Terra pelo Diabo. Mas e os espelhos? Bater na madeira? Ou, mais desconcertante, o medo de que o calendário e a matemática estejam a conspirar em conjunto para nos prejudicar num dia tão específico e aleatório como as sextas-feiras treze?

Claro que tudo isto é terreno fértil para o cinema de terror. Depois do sucesso de Halloween em 1978, os assassinos em série ganharam o seu próprio subgénero, os filmes slasher, e multiplicaram-se ao longo dos anos 80. Este Friday The 13th foi uma das primeiras tentativas de replicar a fórmula. O dinheiro choveu de todos os lados, as sequelas não demoraram muito a aparecer, e, mais tarde, os remakes. Que grandes atributos lhe podemos atribuir? Um ambiente de cortar à faca? Uma narrativa aliciante? Inovações tecnológicas? Um psicopata memorável? A respota é “nope” a tudo, pelo menos neste primeiro tomo. Aquela lentidão e estranheza ubíqua que se entranham quando se vê o filme de John Carpenter não encontram rival aqui, o cenário do lago idílico é muito mais suspeito em Let’s Scare Jessica To Death, a originalidade da história de A Nightmare On Elm Street está a milhas, não se pode esperar grandes planos num low budget destes e o mítico Jason Voorhees marca presença num total de 0,0035 segundos e com um aspeto muito diferente do brutamontes com máscara de ski a que estamos habituados.

Portanto, uma desilusão a vários níveis. Trinta e tal anos antes, o Camp Crystal Lake era um paraíso para os pais que gostam de se livrar das crianças e adolescentes quando entram de férias no Verão. Isto até ao ano em que dois monitores foram assassinados perante freeze frames patéticos e o tempo passa até algum iluminado se lembrar de desafiar o destino e o reabrir. Logo na primeira noite, enquanto os novos monitores ainda estão a conhecer os cantos à casa e aos corpos uns dos outros, alguém os persegue, como que por vingança. Claro que com tantas hormonas à solta e sangue a espirrar, Friday The 13th cativou audiências mais jovens. A traqueia do Kevin Bacon é trespassada com uma seta, o que é espetacular. Nada contra o Kevin Bacon. Já agora, como é que o Kevin Bacon atende uma chamada? A dizer “tou-cin-ho?”.

4/10

2 comentários:

  1. Está longe de ser um grande filme, mas ficou marcado por ser algo diferente do que era produzido de terror na época em que foi lançado.

    Seguiu a trilha do sucesso de "Halloween" e abriu caminho para a quase interminável franquia.

    Abraço

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