Depois de ter realizado um
argumento de um dos mais conhecidos atores cómicos americanos da atualidade (Seth
Rogen) em 2007 com Superbad, uma genial comédia de situação, Greg Mottola volta
agora com um filme totalmente da sua autoria, mais indie e nostálgico, passado
nos anos 80, sobre os amores e desamores de Verão de adolescentes empregados
num parque temático cheio de personagens sui generis.
Com laivos de Sofia Coppola, mas
sem o sexto sentido estético desta, Adventureland consegue, ainda assim, captar
um ambiente muito próprio, num período muito específico, com charme e graça,
equilibrando bem as gargalhadas e as lágrimas, em parte devido: 1) à abordagem
relaxada e honesta aos pequenos dilemas e devaneios próprios da idade, desde o
tabu da virgindade à convivência com as drogas e o álcool; 2) à escolha
acertada dos atores principais, Kristen Stewart (Em), Jesse Eisenberg (James) e
Martin Starr (Joel), cada um com abordagens diferentes à sua arte e à sua
personagem.
Os momentos mais desvairados são
quase exclusivamente assegurados por um conhecido de infância de James e os
dois dementes responsáveis pelo parque (Bill Hader e Kristen Wiig), mas os
maiores interesses de Mottola são mesmo a intimidade que se vai criando dentro
e fora da Adventureland entre James e Em, ambos a tentar amealhar dinheiro
suficiente para poderem financiar os seus primeiros anos em universidades de
Nova Iorque, onde começarão as aulas em breve, e os erros que cometem, na sua
imaturidade.
O filme adquire uma dimensão
dolente quando nos é dado a ver o ambiente familiar de Em, cujo pai viúvo se
deixou sacar por uma mulher vil e déspota, razão pela qual a miúda tenta passar
o máximo de tempo possível fora de casa. Apesar dos sentimentos que os unem,
ela não se compromete com James, e mantém, às escondidas, uma relação com um
homem casado (Ryan Reynolds), mecânico no parque. Em é mais frágil do quer dar
a parecer, mas a forma como arrasta este assunto muito depois de beijar James e
de perceber que pode ter uma relação estável com ele parece exagerada.
Não ajuda que Ryan Reynolds seja
um dos mais insípidos atores que andam por aí e em cada cena que aparece o
filme perde o rumo. Mas para um filme que navega algures entre American Pie (Paul
Weitz, 1999) e All The Real Girls (David Gordon Green, 2003), entre o humor,
por vezes cáustico, e as extravagâncias do primeiro e a naturalidade e
delicadeza do segundo, podia ser bem pior.
7/10