segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Nightsongs (Romuald Karmakar, 2004)

Ele passa o dia no sofá a ler e a escrever. Ela passa o dia a andar dum lado para o outro a queixar-se. Eles são casados, têm um bebé e absolutamente mais nada que os una. Baseado numa peça do norueguês Jon Fosse, Nightsongs desenrola-se quase na sua totalidade no apartamento dos jovens. Poucas personagens deslizam pelo ecrã, grandes diálogos e monólogos adejam das colunas - fica a sensação de estar a ver teatro filmado, onde cada passo dum actor foi planeado ao milímetro e cada palavra foi escolhida com excessiva diligência.

Os pais dele prestam uma visita, mas ficam pouco tempo. Parecem rígidos e inadequados. Ele não trabalha e os seus escritos não são publicados. Ela faz tudo e lamenta não ter a vida social de antigamente. Não há mais amor entre este casal, apenas hábito ou até vício, o que o leva a depender da mulher para tudo e a leva a sentir-se forçada a agarrá-lo. Quando ela decide quebrar o marasmo e sair à noite, apenas podem surgir conflitos. O que resta saber é se deles sairão soluções.

Frio e moroso, Nightsongs é servido por realização e iluminação eficazes a transmitir a ideia do vazio total que há nesta casa e nesta relação, numa noite tácita de confronto com a realidade, mas Karmakar não consegue ultrapassar a previsibilidade do argumento, as personagens desinteressantes e o ritmo entediante. Ninguém levanta a voz, ninguém se zanga, apenas sofrem educadamente, mal se ferem com o que dizem. É exasperante. Dar a uma peça espessura suficiente para ser um bom filme é um esforço bem-intencionado mas tantas vezes mal direccionado - aqui está, infelizmente, mais uma prova...

4/10

IMDb 

2 comentários:

  1. Não conhecia este filme.

    Pelo seu texto parece ser um trabalho frio, sem emoção.

    Abraço

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  2. Muito mesmo! Mas serviu para ver outro filme com o Frank Giering, que é um grande actor :)

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