terça-feira, 30 de outubro de 2012

CITAÇÕES: La Belle Captive (Alain Robbe-Grillet, 1983)

Marie-Ange van de Reeves (Gabrielle Lazure): I don't have a name, I'm sorry, I lost it. I'll let you know if I find it.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

TCN Blog Awards 2012

Um pouco mais cedo que o ano passado, foram ontem conhecidas as nomeações aos prémios da blogosfera cinemática que dão sempre que falar: os TCN Blog Awards. Com um sistema diferente do habitual, a funcionar por candidaturas, postas à consideração de uma Academia, os 8 finalistas em cada categoria foram sendo revelados ao longo do dia no Cinema Notebook. Segundo informações do mesmo, foram avaliados 81 artigos, 147 críticas, 19 entrevistas, 36 iniciativas, 20 novos blogues, 38 blogues, 9 sites e 34 bloggers.

Facto de algum interesse para estes lados: O Narrador Subjectivo conseguiu 2 nomeações, Melhor Blogue Individual e Melhor Crítica de Cinema (com o texto de Agosto sobre o Cape Fear de Scorsese)! É verdade, depois de no ano passado ter estado na corrida para Melhor Novo Blogue, o reconhecimento deste espaço duplicou em 2012 e numa perspectiva que me deixa muito contente: sinto que ofereço algo de diferente a este mundo cibernético e o meu gosto pela escrita e a crítica é recompensado. Por tudo isso, um grande obrigado à organização e, acima de tudo, aos que me seguem pelo Blogspot e/ou pelo Facebook.

Para além disso e como se não fosse suficiente, a zona das iniciativas trouxe-me também óptimas surpresas, já que 3 delas contam com o meu envolvimento, a Filmes que toda a gente gosta, mas eu não, organizada pelo Cine 31, os ainda por realizar Cinema Bloggers Awards, um projecto de estimação do André Marques do Blockbusters, e, last but not least, o Círculo de Críticos Online Portugueses, ao qual me orgulho de pertencer há alguns meses, juntamente com 15 dos mais respeitados e idóneos bloggers de cinema nacionais, e que considero ser uma referência na avaliação do valor relativo dos filmes que estreiam todos os meses no país.

Por tudo isto, estes TCN têm um sabor especial para mim e incentivo ao uso e abuso do voto, aberto a todos até 30/11, no Cinema Notebook, olhem bem para os separadores laterais direitos, percorram as listas de nomeados, visitem todos os blogues, leiam todas as críticas, artigos e entrevistas e digam de vossa justiça.

Shazaam!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

The Hill (Sidney Lumet, 1965)


Se Sidney Lumet é menos falado que outros compatriotas, não é nem pela pouca quantidade de obras nem pela pouca qualidade das mesmas. De cada vez que me aventuro a descobrir algo seu, fico sempre com a sensação de que o realizador americano nunca obteve o reconhecimento que merecia enquanto foi vivo, porque a consistência era o seu nome do meio e The Hill é uma das muitas provas disso.

O fio condutor entre este, 12 Angry Men, Dog Day Afternoon ou The Verdict é a procura de dignidade, uma constante preocupação com os atentados, provocados ou imotivados, à moralidade das personagens e a forma como elas reagem a isso, estando algumas em conflito interno por terem consciência das suas más decisões e outras em dúvida sobre se devem encetar um combate contra as injustiças que se abatem ou comer e calar, por regra escolhendo a primeira.

Sean Connery é um sargento inglês durante a Segunda Guerra Mundial, que tomou uma decisão em consciência contra os seus superiores e foi recambiado para um campo de detenção do seu próprio exército, no deserto líbio. Retirar do activo centenas de soldados durante o maior conflito da história é paradoxal, tal como ver prisioneiros militares serem vigiados e punidos por irmãos de armas. "We're all doing time - even the screws."

É um mundo à parte, cuja existência é justificada com o objectivo de recuperar o espírito militar dos cobardes e desordeiros, onde as práticas se assemelham a uma lavagem cerebral por esgotamento, sendo o principal exercício a manutenção e escalada de um grande monte de areia, a alegoria perfeita para a absurdidade do local. Num plano-sequência inicial de cortar a respiração, a lentidão da grua da câmara revela o ambiente de aridez e a morosidade da passagem do tempo nestas condições, afastando-se até chegar ao exterior, um movimento que acaba por não ser repetido pelos protagonistas.

Lá dentro, Joe Roberts é atormentado pelo staff, mais concretamente pelo sargento Williams, um novato com poder a mais, cuja inexperiência e prepotência levam à morte de um companheiro de cela do primeiro. O director é mais acessível, mas igualmente manipulador, racista e desligado da realidade. À medida que a crueldade das tarefas designadas a Roberts aumenta, mais facilmente se descobrem fraquezas e hipocrisias.

O retrato do sistema é vívido e feito de dentro, como em Serpico, mas ainda mais intenso. Al Pacino e Sean Connery são homens que eu não me atreveria a levar aos limites. Já agora, este é o melhor papel da carreira do escocês. O suor pinga de todos os poros, as lâmpadas acesas no cárcere à noite dão tonturas, o calor é sufocante, crédito da genial fotografia a preto-e-branco. Com um filme tão portentoso como este, como se pode esquecer Sidney Lumet? Impossível.

9/10

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

POSTERS: Harry Potter

Só tenho pena de não ter encontrado posters do mesmo artista para os 2 últimos filmes; seja como for, enquanto fã acérrimo da série, tinha de partilhar estas maravilhas!

sábado, 20 de outubro de 2012

CURTAS: Viola: The Traveling Rooms of a Little Giant (Shih-Ting Hung, 2008)

Curta com contornos surrealistas sobre uma "stairway to heaven". A imagética original e tranquila valeu-lhe o Student Academy Award de animação, provavelmente o prémio mais desejado por jovens estudantes de realização, dado o seu patrocínio pela AMPAS.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

The Future (Miranda July, 2011)


Para uns, o termo cinema independente está relacionado a filmes realizados sem o apoio de grandes estúdios, sujeitos a uma contenção financeira que apura o sentido de improviso na sua produção, mas libertos de compromissos das mais variadas índoles e por isso com uma visão intacta. Para outros, parece ter adquirido o significado exíguo da soma de tiques e posturas, músicas desconhecidas e piadas secas, tendo mais a ver com estilo do que com empreendedorismo. Talvez o primeiro tenha surgido com as necessidades e restrições enfrentadas pelo segundo, mas numa altura em que alguém como Francis Ford Coppola passou a trabalhar por conta própria ou alguém como David Gordon Green fez o caminho inverso, o termo ter-se-á tornado algo incongruente.

Seja como for, The Future preenche requisitos em ambas as facetas. O primeiro filme de Miranda July, Me And You And Everyone We Know teve um sucesso residual, suficiente para reclamar atenção sobre a esposa de Mike Mills, que mesmo assim demorou a dar seguimento à sua carreira, surgindo agora com um orçamento metade americano, metade alemão, 6 anos depois. Deduzo portanto que tenha matutado, pensado, visto e revisto as suas ideias para este trabalho durante muito tempo, o que consegue ser ainda mais deprimente do que o filme em si. É que isto não tem ponta por onde se lhe pegue. Há um casal de mentecaptos com os impedimentos de fala característicos do movimento mumblecore que decide adoptar um gato abandonado e doente recolhido por uma instituição, processo que traz consigo uma hiperbólica percepção da efemeridade da juventude e uma deslocada noção de que a vida de ambos acaba por passarem a ter outro ser vivo dependente deles.

Contado parece uma anedota, visto é inacreditável, porque estas personagens tomam o assunto a sério e decidem mudar radicalmente. Custa-me a engolir o tipo de diálogos que tentam mascarar frases feitas com calão, simplificações babocas ou embaraço tergiversante para parecerem de uma originalidade refrescante, como "it's a drag but it's also amazing" para descrever a experiência da gravidez, mas aqui abundam, quase tanto como os tons pastel nas roupas e nos cenários, talvez um reflexo de tanta indolência (estou a tentar fazer um trocadilho com a palavra pastelão). Quando alguém fala assim fica no ar um miasma de falsidade a envolver a noção de suposta profundidade sobre amor e relacionamentos, que impera especialmente quando a histórica começa a entrar em modo Eternal Sunshine Of The Spotless Mind e a tomar contornos surrealistas.

Só que, ausentes as ideias de Charlie Kaufman e o seu jeito ligeiro de navegar instintivamente pelo subconsciente das personagens para chegar ao cerne dos seus conflitos emocionais, ficam apenas sequências peculiares porque sim, artifícios sem sentido. Que se pode dizer de um homem que fala com a lua e consegue parar o tempo sem qualquer explicação para tal acontecer ou de uma mulher que define como objectivo dançar pateticamente durante 30 dias para uma webcam e que trai o namorado leviana e conscientemente? Deveria achar graça a isto? Não consigo, terei achado engraçado nos primeiros minutos, mas aborrecido a longo prazo, provando que mais vale ter graça do que ser engraçado. Apeteceu-me acabar com um chavão.

2/10

sábado, 13 de outubro de 2012

FOTOGRAFIAS: Alfred Hitchcock

Agora que vai sair um filme sobre o making of de Psycho com Anthony Hopkins a interpretar o mestre do cinema de terror e suspense, aqui está um momento idiossincrático: Hitchcock segura e aponta para um modelo da sua cabeça.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

TRAILERS: Gambit (Michael Hoffman, 2012)

Mais um para a shortlist. Colin Firth e Alan Rickman no mesmo filme? Com argumento dos irmãos Coen?! Contem comigo!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A Bucket Of Blood (Roger Corman, 1959)


Quem já alguma vez leu On The Road de Jack Kerouac já saberá bastante sobre o movimento beat na América dos anos 50, talvez o movimento boémio por excelência, no qual o inconformismo era primordial, o deboche um acto de libertação e a arte uma necessidade. Como qualquer subcultura, ontem ou hoje, por cada entusiasta há dois detratores, e o fenómeno residual de uma geração à procura de estímulos e de novos modos de vida acaba por ser o alvo de chacota de outras anteriores ou posteriores. Assim aparece o termo beatnik, destinado a classificar tudo o que fosse sátira da juventude tresloucada de então, estereotipados pelo uso de roupa preta, óculos escuros e boinas, pelo estilo de vida nómada e interesse em criar e apoiar literatura, poesia ou música que desafiassem definições.

É nesse ambiente que A Bucket Of Blood se movimenta, mais concretamente num espaço de reunião de artistas ou entusiastas em geral chamado The Yellow Door Cafe, onde trabalha Walter Paisley, um empregado de mesa sem talento, frustrado e aparentemente perturbado psicologicamente, uma figura que inspira tanto simpatia como repulsa, graças ao aspecto e à interpretação de Dick Miller. Quando mata, acidentalmente, o gato da vizinha com uma faca, tem uma ideia genial: cobri-lo com barro e apresentá-lo como uma escultura da sua autoria às tertúlias que idolatra e que o desprezam. A aprovação é consensual, para surpresa de Walter, que pergunta vezes sem conta a todos se gostaram mesmo do seu gato, e dos que o rodeiam, que assumem tê-lo menosprezado injustamente.

Um poeta charlatão chega mesmo a afirmar que a "voz" de Walter é "a voz silenciosa da criação. No escuro do solo e rico em humildade, ele floresce como a esperança deste século quase estéril" e acaba a pedir-lhe um expresso. Há alguma comédia subtilmente infundida neste filme, o que faz sentido num olhar crítico que, goste-se mais ou menos, não deixa de ser certeiro quanto ao pretensiosismo fácil destes meios, a que o cinema não é alheio, como Corman, o rei dos filmes B, certamente saberia. Em pouco tempo, Walter abraça a fama, deixa de ser empregado de mesa, muda o seu vestuário e congemina novas obras, cada uma com uma perfeição anatómica e posses e expressões de terror assustadoras e que poderiam provar a descoberta de um verdadeiro talento.

Poderiam, não fosse o facto de Walter simplesmente ter passado a matar pessoas e a cobri-las de argila, de formas cada vez mais violentas e premeditadas. O seu antigo chefe é o único consciente disso, mas por medo, pena ou falta de provas, adia confrontá-lo ou expô-lo como a fraude que é, apenas dando a Walter mais tempo para se encher de peneiras, sujar as mãos de sangue e alimentar a sua maior obsessão, casar com Carla, a anfitriã do clube, que não percebe o efeito que a sua simpatia tem na personagem principal. O argumento é muito inteligente e gere todos estes factores com muita segurança, com um crescimento exponencial de tensão e uma divertida perseguição final, isto tudo apesar da produção low-cost e da gravação à pressa em 5 dias. A Bucket Of Blood é Roger Corman no seu melhor, explorando uma cultura fascinante.

8/10

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

TOP5: Westerns Revisionistas

05. The Proposition (John Hillcoat, 2005)
Apesar da definição de western revisionista ser um pouco vaga, o género tem sido muito revisitado nos últimos anos e em molde diferentes dos habituais na altura de maior popularidade, nos anos 40, 50 e 60. The Proposition é um filme que, pelo seu negrume e visceralidade, dificilmente seria possível há umas décadas. 

04. The Three Burials Of Melquiades Estrada (Tommy Lee Jones, 2005)
Ambientado em tempos mais modernos, este filme apresenta uma desconstrução invulgar da mitologia do género, em que a personagem principal nem sempre toma atitudes moralmente correctas e a história avança de forma não cronológica. Uma interpretação de grande contenção de Tommy Lee Jones e um argumento de qualidade de Guillermo Arriaga (Amores Perros, Babel).

03. No Country For Old Men (Ethan Coen, Joel Coen, 2007)
Um jogo de gato e rato anti-climático, sardónico e rigoroso como só os irmãos Coen conseguem fazer. O vilão protagonizado por Javier Bardem é inesquecível, pela sua silenciosa intensidade, pela sua arma original, pelo seu corte de cabelo.

02. The Assassination Of Jesse James By The Coward Robert Ford (Andrew Dominik, 2007)
A análise melancólica de uma personagem cuja fama atravessa gerações e de um faroeste em decaimento. Em termos de fotografia, um dos melhores trabalhos dos últimos anos.

01. There Will Be Blood (Paul Thomas Anderson, 2007)
Uma meditação sobre violência, ganância e vingança, There Will Be Blood é denso e atípico, os diálogos e os olhares são mais perigosos que balas e tanto a religião como o petróleo escurecem a paisagem. Por muitas razões, o western que Kubrick nunca realizou - acho que esta impressão fica vincada com os 20 minutos finais.