quarta-feira, 30 de maio de 2012

Cherrybomb (Lisa Barros D'Sa, Glenn Leyburn, 2009)


Entre o quinto e o sexto capítulo da saga Harry Potter, uma das suas caras mais reconhecíveis, Ron Weasley (aliás, Rupert Grint no bilhete de identidade), envolveu-se neste pequeno filme indie sobre um trio de jovens com particular aptidão para atrair sarilhos. Interpretando Malachy, funcionário do Titanic, um complexo desportivo com ginásio, piscina e muito mais, tenta abraçar um registo diferente, assumindo o papel de protagonista balbuciante e mudando o penteado para uma poupa simplesmente ridícula. Junta-se-lhe Robert Sheehan (que, pelos vistos, fez algum sucesso numa série televisiva qualquer) como o side-kick desnorteado e agressivo, e tem-se... 0% de polpa e 100% de embaraço.

Eles tentam representar, há bastante esforço, mas apenas o vértice feminino do triângulo amoroso que vemos formar-se entre Malachy, Luke e Michelle (Kimberley Nixon) o faz com naturalidade, agarrando-se à evolução da sua personagem e às razões do seu comportamento e não a trejeitos irritantes. Ela foi forçada a viver com o pai, gerente do Titanic, o que facilita o seu encontro com Malachy, que se deixa levar pela rebeldia calma de Michelle e a apaixonar-se. Luke não tem morais e apenas a quer para sexo, não se importando de prejudicar Malachy pelo caminho, se for necessário. Apesar disso, o filme parece querer sugerir uma amizade inquebrável entre os dois, ainda que talvez não seja bem assim.

Os rapazes competem pela atenção da rapariga, embarcando numa espiral de excessos, uma jogo compreensível para Luke, filho de um toxicodependente e irmão de (presume-se) um empresário/traficante de droga, mas não para Malachy, que tem um emprego estável, uma família que o apoia e o mínimo de noção do que é socialmente aceitável. Ao entrar neste esquema de delinquência de forma irresponsável torna-se uma personagem frustrante de seguir. O filme evolui dolentemente de uma festa para uma conversa desenxabida para outra festa, arrastando clichés sobre juventude, posses ensaiadas e diálogos sem sentido. Não obstante, usar SMS como intertítulos é bastante inteligente.

Tudo é awkward e genérico até mais não. Robert Sheehan replica toda uma plêiade de tiques distrativos até ao trágico fim, em que um ato de violência parece comprometer o seu futuro (somos deixados em suspenso, com declarações de Malachy e Luke sobre o poder da amizade e por ai fora, isto apesar da falta de química e entendimento entre os dois ao longo do filme). Fica a sensação de que derrama sangue egoisticamente, para nele diluir a sua raiva e as suas frustrações. Há um ou dois bons momentos de descoberta e sinceridade, como a cena de sexo adolescente e uma invasão ao Titanic de noite; pouco para um projeto que prometia revelar todo o potencial de Ron Weasley. Aliás, Rupert Grint.

3/10

segunda-feira, 28 de maio de 2012

NOTÍCIAS: Cannes 2012

Michael Haneke (um dos realizadores preferidos deste vosso Narrador) ganhou a Palma de Ouro em Cannes com o seu novo filme Amour. Conhecendo a filmografia do austríaco, o título pode parecer algo estranho (ou talvez não, para quem tenha visto La Pianiste e Code Unknown com atenção), mas parece que mais uma vez Haneke não desilude. Passa assim a fazer parte de um grupo restrito de realizadores que já ganharam este prémio por 2 vezes: Alf Sjöberg, Francis Ford Coppola, Billie August, Emir Kusturica, Shohei Imamura, Luc Dardenne e Jean-Pierre Dardenne.

Palma de Ouro: Amour (Michael Haneke)
Melhor Realizador: Carlos Reygadas (Post Tenebras Lux)
Melhor Actor: Mads Mikkelsen (The Hunt)
Melhor Actriz: Cristina Flutur (Beyond The Hills) e Cosmina Stratan (Beyond The Hills)
Melhor Argumento: Cristian Mungiu (Beyond The Hills)
Grand Prix: Reality (Matteo Garrone)

domingo, 27 de maio de 2012

CURTAS: The Big Shave (Martin Scorsese, 1968)

Esta curta foi o projecto de final de curso de Martin Scorsese. Nela, podemos já ver o uso de um tipo de música que não condiz com a imagem, realçando a bizarria das acções das personagens, como acredito ser o efeito pretendido noutros filmes, e experiências com a montagem, com vários takes da mesma acção de vários ângulos e um elevado número de primeiros planos, para estabelecer o espaço. É uma curta violenta e enigmática, para a qual já vi serem atribuídos vários significados, incluindo o nível inerente de masoquismo e auto-destruição provocada pela guerra do Vietname na sociedade americana. E assim começava a aparecer um dos maiores autores de sempre do cinema.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Blazing Saddles (Mel Brooks, 1974)


Quem quiser saber o mínimo sobre cinema tem de saber que, no espectro da comédia, há dois nomes que são sagrados há mais de quatro décadas: Gene Wilder e Mel Brooks. Seja individualmente ou em conjunto, enquanto atores ou realizadores, as contribuições de ambos para o aumento de gargalhadas per capita foram tremendas e continuam a ter repercussões, basta procurar pelos seus trabalhos e senti-las. Olhando para trás, 1974 é indubitavelmente um ano marcante nas suas carreiras. Com Blazing Saddles e Young Frankenstein elaboraram as paródias de western e de terror, respetivamente, que tornaram irrelevantes quaisquer paródias de western e de terror feitas posteriormente.

Inicialmente recebidos com críticas mistas, valorizando a qualidade dos gags mas criticando a falta de personalidade dos filmes e o humor grosseiro, ambos vieram a ocupar um espaço nas prateleiras da biblioteca do congresso americano, por serem culturalmente relevantes. Uma significativa reavaliação, que só foi necessária por um simples facto: estes filmes são loucos. É isso que transparece com grande claridade e que se tem de aceitar desde o início, a sua personalidade é a insanidade mental, e, particularizando para o caso de Blazing Saddles, não há restrições do politicamente correto, não há erros de continuidade que não possam ter a sua lógica interna, não há ator que não tenha liberdade total.

Em algumas alturas é quase como ver a versão circense de Rio Bravo, onde a química entre John Wayne e Dean Martin é substituída pela química entre Cleavon Little e Gene Wilder, as pernas de Angie Dickinson são substituídas pelas pernas de Madeline Kahn e os mauzões locais são campónios racistas que se peidam em conjunto, enquanto jantam feijões à volta de uma lareira, mas abrindo como um filme de Sergio Leone, com grandes planos anamórficos de um oeste calorento e árido, pelo qual o progresso abre caminho sob a forma de uma linha férrea em construção e trabalhadores negros são explorados como os escravos que já não eram. Deste panorama adverso e bem estabelecido, sairá um herói improvável.

Cleavon Little, ou Bart, passa daí para o cadafalso para xerife de Rock Ridge muito rapidamente, uma town que um político com poucas morais, Hedley Lamarr, quer expropriar totalmente e de borla, à força, para de seguida vender as terras à companhia do caminho-de-ferro, que precisa delas para respeitar o traçado. Ora, impor um negro como figura principal da justiça é iniciar uma grande confusão numa comunidade branca e conservadora (apesar da possibilidade de toda a população ser o resultado de incesto, já que todos têm o apelido Johnson), que tem então de decidir se deixa de lado o racismo para combater os capatazes de Hedley ou se ostracizam Bart, negligenciando a proteção de Rock Ridge.

O conceito podia dar um drama muito educadinho, mas estamos a falar de Mel Brooks e o filme só ganha com o realçar do ridículo destes conflitos. Há uma idosa num papel secundário cuja confiança Bart tenta ganhar com conversa de circunstância, só para ser imediatamente desconsiderado com um "up yours, nigger" - engraçado e desconfortável ao mesmo tempo. Mais tarde, Bart dá provas de enorme inteligência e compromisso, e a idosa oferece-lhe uma tarte em forma de pedido de desculpa, sem se esquecer de lhe dizer para o manter em segredo do resto dos Johnsons. Enfim, havendo um objetivo comum (derrotar o exército de ladrões, assassinos, violadores e metodistas de Hedley) há união e fraternidade.

A luta por Rock Ridge leva o filme à desconstrução, passando-se os limites do estúdio do western e espalhando-se para outras zonas da Warner Bros., seguindo cidade fora pelas ruas de Los Angeles e acabando num cinema de Hollywood, onde o fim do filme é projetado. São tantas as convenções que são atiradas pela janela, que se torna difícil absorver um filme que se vai tornando sempre mais denso e hilariante, mas a experiência é sempre recompensadora. Cleavon Little era um ator fabuloso, que mistura a sensibilidade de Sidney Poitier com a amigável sagacidade de Bugs Bunny num dos poucos papéis de protagonista que teve. E o cinema cómico nunca mais foi o mesmo depois de Blazing Saddles.

8/10

domingo, 20 de maio de 2012

TOP5: Comboios

05. Closely Watched Trains (Jiri Menzel, 1966)
Os comboios enquanto metáfora sexual e política, sobre um jovem com necessidades, que trabalha numa estação, e numa altura de muita conturbação social, mais concretamente, em plena Segunda Guerra Mundial.

04. Strangers On A Train (Alfred Hitchcock, 1951)
Um homem convence outro, que acabou de conhecer, de que dois estranhos podem cometer um homicídio um pelo outro e safarem-se. Isto tudo, durante uma educada e longa viagem de comboio.

03. The Great Train Robbery (Edwin Porter, 1903)
Esta curta arcaica continua a ser um dos filmes mais influentes de sempre, pelo que o seu lugar nesta lista sobre comboios é merecido. Vejam-na e depois vejam o assalto a um comboio no início de The Assassination Of Jesse James By The Coward Robert Ford, por exemplo. Ou quantas vezes não foi já replicado o plano final de um homem armado a disparar directamente contra a câmara? Pois.

02. Hugo (Martin Scorsese, 2011)
O que é impressionante neste filme é a reverência que Martin Scorsese revela a tudo o que dele faz parte. O cinema, sim, acima de tudo, mas ver estações de comboio a brilhar, dezenas de planos de comboios de todos os ângulos possíveis e imaginários, com fumo a sair do que parecem ser escamas de ferro, as rodas a roncar pelos carris, tudo isso faz de Hugo uma experiência visual maravilhosa.

01. The General (Buster Keaton, Clyde Bruckman, 1926)
Para além de ser o melhor filme do Buster Keaton, logo um dos melhores filmes mudos de sempre, contém a cena mais cara da história do cinema mudo: um comboio atravessa uma ponte que explode, atirando as carruagens para o rio.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

terça-feira, 15 de maio de 2012

Birds, Orphans And Fools (Juraj Jakubisko, 1969)


Admito que a Nova Onda Checoslovaca tenha o seu quê de fascinante, mas sempre tive alguma dificuldade em sentir-me absorvido pelos filmes associados a este movimento. Parece-me sempre que não tenho conhecimento suficiente para perceber as entrelinhas ou que não tenho a sensibilidade necessária para apreciar o estilo, como se algo se perdesse na tradução. Birds, Orphans And Fools é mais um exemplo. A obra mais conhecida de Juraj Jakubisko é metade delírio surrealista, metade conto juvenil, em que sequências joviais de improviso (uma característica destes filmes) se entrelaçam em sequências da intimidade de um trio sem rumo (juventude desnorteada é um tema recorrente destes filmes).

O título descreve perfeitamente o conteúdo: dois órfãos vivem despreocupadamente nas ruínas de uma cidade, sempre rodeados de hippies, pássaros e pobreza. Cedo arranjam companhia feminina em Martha, uma cativante loira, que, tal como eles, há muito atirou pela janela todas as regras da sociedade e convenções sobre o que é socialmente aceitável para se dedicar a viver livremente. Estão todos resignados com a sua situação, numa nação oprimida pelo comunismo soviético e onde as expectativas de uma vida melhor são inexistentes. E depois de tanta fome, morte e guerra, é fácil perceber porque se recusam a lutar, a controlar e a entrar em conflitos.

Há certamente imagens belíssimas, de crianças sem futuro brincando com tudo o que lhes aparece à frente, viagens de carro pelos campos da Europa oriental, um jogo de bilhar com ovos em vez de bolas, nudez e, inevitavelmente, violência, que, no entanto, equivalem a pouco. O filme vai de piada em piada, numa sucessão de movimentos de câmara desconcertantes e músicas mexidas, como se de sketches se tratassem, transmitindo bem a indiferença das personagens, mas dificultando a nossa identificação com as mesmas. Apetece apenas ver algo acontecer, ou quanto mais não seja, o mínimo de continuidade. Quando Jakubisko descobre um clímax, não tem impacto.

Talvez seja de reter a procura por um resquício de felicidade e de prazer em tempos de dificuldade, mas mesmo essa procura é afetada pela infantilidade e superficialidade de quem a enceta. Não deixa de ser um filme com um olhar único dum período assolapado e num país entretanto dissolvido, mas que continua bem presente no mapa-mundi do cinema. Mais avant-garde que Closely Watched Trains (Menzel, 1966), mais consistente que Daisies (Chytilova, 1966), Birds, Orphans And Fools tem algum charme e bastante mérito artístico, mas gostaria de ter encontrado maior recompensa emocional, já que, tipicamente, este movimento oferecia pouco contexto histórico e narrativa. Mas talvez o problema seja da tradução.

6/10

quarta-feira, 9 de maio de 2012

NOTÍCIAS: Realizadores no parlamento

Os realizadores Miguel Lopes, João Salaviza e Gonçalo Tocha foram ao parlamento para serem congratulados pelo seu trabalho no cinema e os prémios de grande nível que os 2 primeiros em especial têm recebido ultimamente. Aproveitaram, no entanto, a ocasião, para realçar o paradoxo de um governo estar a homenagear feitos numa área que "está numa situação de calamidade (...) resultado de uma política cultural que está, neste momento, interrompida." Para uma leitura mais alargada, cliquem aqui.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Martha Marcy May Marlene (Sean Durkin, 2011)


Falar dos Estados Unidos da América não vivendo lá é falar quase de uma realidade paralela que tem tanto de fascinante como de assustadora. O poder, a dimensão e a multitude deste país parecem ser propagandeados e comentados ao ponto de exaustão e mesmo assim conseguem soar tão distantes e inatingíveis, talvez ainda mais para quem é criado numa cultura tão introvertida como a portuguesa. Livros como On The Road de Jack Kerouac, músicos como Tom Waits ou filmes como Two-Lane Blacktop levam-nos por viagens aos confins do território, sugerindo um espírito de liberdade e aventura contagiante, que é, por vezes, motivado por razões obscuras ou que tem consequências torpes.

Martha Marcy May Marlene chega a ser opressivo na sua exploração por esse negrume que também está presente na América mais profunda. De vez em quando aparecem filmes como este, em que quem os faz acusa alguma dúvida ou mesmo descrença nos ideais que se pretende associar à nação, porque para além das histórias de sucesso e riqueza há também histórias de solipsismo e tragédia e porque a sua grandeza é feita à custa de muita deceção. E, no fundo, são estes contrastes que humanizam e tornam interessante uma cultura que perde cada vez mais noção da realidade, à medida que novos paradoxos do capitalismo e da tecnologia alienam as pessoas, ao criarem padrões de vida artificiais e ao vulgarizarem a privacidade.

Por conseguinte, chegamos a esta personagem feminina, que em determinados pontos do filme acaba por ter todos os nomes do título, e cuja confusão, quer se manifeste em termos de comportamento ou raciocínio, é alimentada por uma grande recusa em se conformar com a estupidificação da sociedade e um grande desejo de pertencer a algo. Vemos Martha pela primeira vez em fuga, entrando numa bouça, sem olhar para trás, apesar do chamamento de um homem fora de câmara. Vai ao encontro da sua irmã mais velha, que se conformou voluntariamente à classe média-alta e está bem na vida, alguém que não vê há 2 anos. São órfãs que cresceram separadas, com resultados muito diferentes.

Lucy é delicada e paciente, mas é difícil esquecer que abandonou Martha ao seu destino, por isso não é surpresa que a segunda tente a todo o custo ocultar a sua experiência traumática enquanto membro de um culto naturalista, machista e criminoso que se aproveitou da sua ingenuidade, aumentando as suas inseguranças, transformando o seu comportamento em socialmente inaceitável e abusando do seu corpo, mas mantendo-a presa com um conceito artificial de família. O filme apresenta assim duas realidades: o passado, com uma quinta e uma irmandade calorosa mas distorcida e o presente, com uma casa num lago e uma irmã de sangue aparentemente perfeita mas sem noção.

O realizador Sean Durkin consegue atingir um tom de ameaça e incerteza constante, quer seja graças às atitudes erráticas de Martha, aos silêncios desconfortáveis, à argúcia déspota de Patrick, o líder do culto, ou à ambiguidade de certas cenas, tudo fatores que tornam desconfortável a simplicidade aparente do filme. A mais pequena ação das personagens parece isenta de inocência, quando Patrick apanha uma rapariga a fumar age com uma passividade ameaçadora, quando o marido de Lucy pergunta a Martha quais são os seus planos parece mais interessado em vê-la pelas costas do que perceber porque não a via há tanto tempo, até o ato de experimentar um vestido parece tudo menos natural.

Em Magnolia (Paul Thomas Anderson, 1999) ouvia-se "eu tenho tanto amor para dar e nunca sei onde o pôr", algo que me parece adequado para Martha. O vestido é cor-de-rosa, a cor do amor, e acaba manchado de urina. A identidade desta rapariga está fraturada e ela acaba por nunca reagir condignamente ou ter uma resposta emocional lógica seja em que situação estiver, o que leva o espectador à paranoia. É um papel dificílimo que Elizabeth Olsen (yup, a irmã mais nova das gémeas preferidas do cinema infantil dos anos 90) carrega com perfeição, alternando vulnerabilidade com acrimónia nas alturas mais surpreendentes. Martha conhece 2 famílias e não pertence a nenhuma. Abruptamente, acaba.

9/10

domingo, 6 de maio de 2012

CITAÇÕES: Blazing Saddles (Mel Brooks, 1974)

Hedley Lamarr (Harvey Korman): I want you to round up every vicious criminal and gunslinger in the west. Take this down: I want rustlers, cut throats, murderers, bounty hunters, desperados, mugs, pugs, thugs, nitwits, halfwits, dimwits, vipers, snipers, con men, Indian agents, Mexican bandits, muggers, buggerers, bushwhackers, hornswogglers, horse thieves, bull dykes, train robbers, bank robbers, ass-kickers, shit-kickers and Methodists!