Entre o quinto e o sexto capítulo
da saga Harry Potter, uma das suas caras mais reconhecíveis, Ron Weasley
(aliás, Rupert Grint no bilhete de identidade), envolveu-se neste pequeno filme
indie sobre um trio de jovens com particular aptidão para atrair sarilhos.
Interpretando Malachy, funcionário do Titanic, um complexo desportivo com
ginásio, piscina e muito mais, tenta abraçar um registo diferente, assumindo
o papel de protagonista balbuciante e mudando o penteado para uma poupa
simplesmente ridícula. Junta-se-lhe Robert Sheehan (que, pelos vistos, fez
algum sucesso numa série televisiva qualquer) como o side-kick desnorteado e
agressivo, e tem-se... 0% de polpa e 100% de embaraço.
Eles tentam representar, há
bastante esforço, mas apenas o vértice feminino do triângulo amoroso que vemos
formar-se entre Malachy, Luke e Michelle (Kimberley Nixon) o faz com
naturalidade, agarrando-se à evolução da sua personagem e às razões do seu
comportamento e não a trejeitos irritantes. Ela foi forçada a viver com o pai,
gerente do Titanic, o que facilita o seu encontro com Malachy, que se deixa
levar pela rebeldia calma de Michelle e a apaixonar-se. Luke não tem morais e
apenas a quer para sexo, não se importando de prejudicar Malachy pelo caminho,
se for necessário. Apesar disso, o filme parece querer sugerir uma amizade inquebrável
entre os dois, ainda que talvez não seja bem assim.
Os rapazes competem pela atenção
da rapariga, embarcando numa espiral de excessos, uma jogo compreensível para
Luke, filho de um toxicodependente e irmão de (presume-se) um empresário/traficante
de droga, mas não para Malachy, que tem um emprego estável, uma família que o
apoia e o mínimo de noção do que é socialmente aceitável. Ao entrar neste
esquema de delinquência de forma irresponsável torna-se uma personagem
frustrante de seguir. O filme evolui dolentemente de uma festa para uma
conversa desenxabida para outra festa, arrastando clichés sobre juventude,
posses ensaiadas e diálogos sem sentido. Não obstante, usar SMS como
intertítulos é bastante inteligente.
Tudo é awkward e genérico até
mais não. Robert Sheehan replica toda uma plêiade de tiques distrativos até ao
trágico fim, em que um ato de violência parece comprometer o seu futuro (somos
deixados em suspenso, com declarações de Malachy e Luke sobre o poder da
amizade e por ai fora, isto apesar da falta de química e entendimento entre os
dois ao longo do filme). Fica a sensação de que derrama sangue egoisticamente,
para nele diluir a sua raiva e as suas frustrações. Há um ou dois bons momentos
de descoberta e sinceridade, como a cena de sexo adolescente e uma invasão ao
Titanic de noite; pouco para um projeto que prometia revelar todo o potencial
de Ron Weasley. Aliás, Rupert Grint.
3/10